Reprodução de quelônios será maior em 2019 na comunidade Correio do Tapará
/Presidente da comunidade afirma que a estratégia de conservação resultará em uma soltura com no mínimo o dobro de filhotes do ano passado.
Engajados com a causa os ribeirinhos, voluntários na defesa do ecossistema estão esperançosos com a procriação dos filhotes de tracajás e tartarugas na região. Os ovos depositados entre os meses de setembro a outubro eclodiram. Nascidos em novembro os filhotes foram transportados para um berçário artificial, feito pelos moradores que cuidam dos animais até que estejam aptos a soltura na natureza.
A transferência dos ovos é feira por coletores que atuam como guardiões dos ninhos em parceria com os demais moradores que vigiam a praia natural e o berçário artificial para evitar que os animais e ovos sejam furtados.
Um trabalho duro para os moradores que em 2018 tiveram que defender os ovos dos predadores humanos e naturais. Foram soltos 600 filhotes apenas, devido a presença de pragas que atingiram os ninhos.
O presidente da Associação de Moradores do Correio do Tapará - João Mário dos Santos destacou que desde agora estão organizando a soltura: “Esse ano já temos uma faixa de mil filhotes sendo preparados. A gente coletou muito mais que no ano passado, porque o pessoal respeitou mais e a gente ficou mais prevenido do mal [broca] que aconteceu em 2018” – explica.
Para ampliar a possibilidade de conservação os moradores estão planejando a construção de um espaço maior que permita o crescimento dos quelônios: “Nós estamos com o projeto de um novo tanque bem maior para que eles possam ter um espaço melhor para desenvolver, ter uma alimentação melhor, para preparar para a soltura” - finaliza.
Tradição
Todos os anos jovens, adultos e crianças se reúnem para comemorar a vitória contra os ataques dos predadores. A soltura que este ano deve acontecer entre os meses de abril e maio acontece em um lago da região. Em 2018 o lago Curiquara foi palco de um momento emocionante para os guardiões voluntários que tem na falta de apoio governamental nas fiscalizações o maior desafio. Sozinhos realizam o monitoramento da praia e tentam afugentar os invasores. Uma árdua tarefa que nem sempre é bem sucedida, porém serve de inspiração para outras comunidades engajadas na defesa do recurso natural, como explica o coordenador da Sapopema, Antônio José Bentes: "A iniciativa deles tem o potencial de ser replicada, porque trabalha com a conservação de uma espécie importante para a nossa região” – reforça.