Respeito ao defeso do pirarucu resulta em manutenção de estoque e renda comunitária
/Relatório anual da Sapopema identificou que produção de pirarucu em 2023 nas comunidades de Costa do Tapará, Tapará Miri, Santa Maria e Ilha do Carmo foi superior a 16 toneladas, gerando receita de 295 mil para manejadores
O período do defeso do pirarucu encerra nesta sexta-feira (31). Apesar da pesca ser autorizada até 30 de novembro, comunidades manejadoras do PAE Tapará iniciam as capturas após liberação e encerram antes visando garantir a manutenção dos estoques locais e não superexplorar o recurso.
Por meio do monitoramento da pesca do pirarucu em 2023, foi possível verificar a produção, a renda gerada nas comunidades para os pescadores e também analisar sobre o cumprimento das cotas de captura, que na pesca manejada do pirarucu consiste da retirada de até 30% dos adultos contados, deixando-se os 70% do restante de adultos, como forma de assegurar a reprodução e a continuidade da população.
Um relatório produzido pela Sapopema, evidenciou o resultado de dados coletados por meio de entrevistas por jovens comunitários com os(as) pescadores(as) de Santa Maria, Costa do Tapará e Tapará Miri, localizadas no PAE Tapará e na comunidade de Ilha do Carmo, situada no PAE Salvação.
Os jovens pesquisadores foram capacitados pelo programa de formação de monitores para manejo da pesca, com participação de seis jovens das comunidades Santa Maria, Costa de Tapará e Tapará Miri.
“A produção de pirarucu em 2023 nas quatro comunidades foi de 16.898 kg de manta fresca, gerando uma receita de R$ 295.808,50. Nessas três comunidades estima-se que foram capturados 791 pirarucus. Na comunidade Costa do Tapará foi registrada 46% da produção, seguido de Santa Maria com 27%”, explicou a bióloga da Sapopema, responsável pelo manejo do pirarucu, Poliane Batista.
O estudo observou ainda, que nas comunidades monitoradas, foi predominantemente a realização da pesca comercial desenvolvida pelos pescadores de forma individual ou em regime de parceria, geralmente entre dois pescadores. Também foi verificada a realização de pescas comunitárias, aquela planejada e executada de forma participativa entre pescadores e pescadores, com a finalidade de gerar renda para os pescadores manejadores ou para investir em benfeitorias em locais de uso coletivo das comunidades.
A produção de pirarucu das pescarias coletivas de Costa do Tapará e Santa Maria foi comercializada na Feira do Pirarucu de Manejo do Pará, que aconteceu em 18 de novembro no centro urbano de Santarém. Foram comercializados por essas comunidades um total de 1.801 quilos de manta e aproximadamente 250 kg de miúdo de pirarucu. O valor do quilo do pirarucu variou de acordo com o tipo de corte, a manta foi vendida a R$ 23,00, o filé a R$ 28,00, a ventrecha a R$ 30,00 e o “miúdo” (carcaça) a R$ 15,00.
Para o sociólogo e pesquisador da Sapopema, Antônio José Bentes, é importante destacar que os indicadores são resultado do esforço de conservação dos lagos e obediência ao defeso. Apesar da liberação pós-defeso, a pesca predatória continua ilegal e o combate dela é permanente. As regras pactuadas em acordos de pesca, são ainda mais restritivas que os períodos de defeso instituídos por meio de portarias. “Os acordos são instrumentos importantes para conservar os estoques de peixe. Por meio deles, os pescadores conseguem proteger áreas e, respectivamente, as espécies”.
A Sapopema apoia a iniciativa comunitária através de assistência técnica com seus parceiros, como o Mopebam, TNC, Colônia de Pescadores e Pescadoras Z-20 e UFOPA, proporcionando assessoria para comunidades, com objetivo de fortalecer as iniciativas de manejo sustentável.