Comunidades de Alenquer concluem contagem anual de pirarucus em oito lagos manejados
/Pescadores de Urucurituba e Ilha do Carmo, município de Alenquer, realizaram nova contagem de pirarucus. Procedimento é importante para avaliar estratégia de conservação e definir cota de captura anual
No período entre 24 e 26 de outubro, cerca de vinte pescadores das comunidades Urucurituba e Ilha do Carmo de Alenquer, promoveram jornada de contagem de pirarucus. Foram contabilizados 567 pirarucus nos lagos Lontras, Seringal, Baixa grande, Buraco preto, Papucu, Buraco das lontras, Mungubeira e Nova Aurora.
No manejo sustentável do pirarucu, todos os anos, os peixes precisam ser contabilizados neste período de águas baixas, quando os manejadores realizam contagens para avaliar os estoques pesqueiros e calcular a cota de captura de 305% a partir do resultado das contagens de pirarucus adultos, preservando os 70% restantes, como forma de assegurar a reprodução para fins de manutenção do seu estoque de forma sustentável. Os números servem para indicar avanços da conservação e apontar estratégias para promover a renda dos pescadores.
Os procedimentos utilizados para contagem de pirarucus seguem o método de Castello (2004), onde os pescadores demonstram sua habilidade de contar quando observam e escutam a boiada do pirarucu no momento em que ele vem à superfície da água realizar a sua respiração aérea. Segundo a bióloga da Sapopema, Poliane Batista, cada pescador contou quantos pirarucus observou em uma unidade de área durante um intervalo de 20 minutos. Somente pirarucus maiores de 1 metro são contados, sendo classificados em duas categorias: juvenis (bodecos) (1-1,5 m) e adultos (>1,5 m). Os pescadores devem fazer as contagens de forma silenciosa para assegurar a acurácia das contagens e evitar que o comportamento do pirarucu seja alterado.
O esforço dos comunitários para o manejo sustentável compreende diversas etapas, como a organização comunitária, respeito à legislação e estabelecimento de acordos de pesca, vigilância dos lagos, contagens, pesca sustentável e comercialização da produção. A iniciativa exige uma dedicação enorme, e muitas vezes o pescador não é devidamente valorizado.
A comunidade de Urucurituba iniciou esse trabalho em 2014. Já Ilha do Carmo em meados de 2012. Neste período a Sapopema presta assessoria técnica para qualificar o manejo comunitário e fortalecer a iniciativa de conservação da espécie, visando a multiplicação dos estoques.
Fotos: Poliane Batista/Sapopema.