Um milhão de tartarugas-da-amazônia nascidas em Monte Cristo serão soltas no Rio Tapajós
/A soltura dos filhotes já está ocorrendo no tabuleiro no município de Aveiro. A desova começou em setembro e é acompanhada por moradores que atuam como fiscais dos quelônios
Durante parte do ano, fiscais do Ibama, pesquisadores, biólogos e moradores da região se revezam em fiscalizações no tabuleiro aonde ocorrem as desovas do animal que corre risco de extinção.
Em dezembro, quando as tartarugas saem dos ovos, a equipe realiza a contagem para avaliar o resultado da iniciativa de manejo, para que eles sigam à natureza. A expectativa deste ano é que um milhão de filhotes sejam soltos.
Segundo o coordenador nacional do Programa Quelônios da Amazônia, do Ibama - Roberto Lavaca, todos os anos as fêmeas de tartaruga-da-amazônia migram para o tabuleiro para construírem ninhos e depositarem os ovos do maior quelônio da América do Sul. “A espécie conta com a proteção do Instituto desde 1979, quando foi criado o Programa Quelônios da Amazônia (DBFLO). Foram rondas frequentes e pernoites diárias no tabuleiro para assegurar que o período de desova ocorresse sem ataques” – destaca Lavaca.
Entre os dias 29 de setembro e 10 de novembro mais de 10 mil fêmeas colocaram os ovos no principal sítio reprodutivo da espécie na região norte.
O tabuleiro fica localizado no município de Aveiro. Para chegar lá é preciso navegar 4 horas de lancha com saída de Santarém, no Oeste do Pará. Nessa localidade existe uma estrutura de base do IBAMA que monitora em parceria professores e estudantes da Universidade Federal do Oeste do Pará.
Segundo a professora da Ufopa e Bióloga da Sapopema Priscila Miorando – este ano são muitos filhotes e por isso é impossível soltá-los de uma única vez. “O ideal é que sejam soltos na hora que nascem”. No entanto, alguns serão mantidos para um evento de soltura.
Sobre a espécie
As tartarugas-da-amazônia são de grande porte e podem alcançar mais de 90 centímetros de comprimento. Com casco preto acinzentado no dorso e amarelo com manchas escuras na parte ventral possui carne e os ovos muito apreciados e usados em vários pratos da culinária amazônica.
Por este motivo, a espécie sofre pressão pesqueira e é alvo constante de predadores humanos.
Invasores chegam as comunidades com registro dos animais em embarcações principalmente na madrugada e furtam os animais.
Quando denunciados e encontrados, são multados com valores que variam de R$ 700 a R$ 100 mil por infração ambiental, com acréscimo de R$ 500 por quilo de produto apreendido.