Moradores denunciam pesca ilegal em audiência no Ministério Público Estadual, em Santarém

Encontro aconteceu nesta quinta (18) na sede do Ministério Público Estadual e reuniu lideranças comunitárias, Representantes da Colônia de Pescadores Z-20, Consultores da Sociedade Para Pesquisa e Proteção do Meio Ambiente e o Promotor de Justiça do Meio Ambiente e Urbanismo de Santarém, Belterra e Mojui dos Campos

A audiência era uma necessidade dos moradores da várzea que vem sendo alvo das invasões de pescadores de outras regiões que vem ocasionando conflitos devido a pesca predatória e captura de quelônios da Amazônia. Atraídos pela fauna, predadores humanos tem oferecido risco ao ecossistema e à vida dos moradores - que quando questionam a prática ilegal ficam na mira dos revolveres dos invasores.

Reunião realizada no dia 18/10/2018

Reunião realizada no dia 18/10/2018

Preocupados, e já sem alternativas, os povos tradicionais da região do Ituqui foram pedir ajuda a promotoria em audiência agendada para tratar do assunto. Para o diretor de Meio Ambiente e Organização Social da Colônia de Pescadores Z-20 Ednaldo Rocha , é preciso: “tomar algumas providências para que esses conflitos possam diminuir”.

O presidente do Conselho Comunitário de ituqui, Carlos Antonio Coelho destacou a necessidade do encontro: “nós pedimos essa reunião porque nossa região está numa situação muito difícil com a pescaria predatória e captura de quelônios. Estão destruindo tudo” - lamentou.

A comissão formada por moradores da comunidade foi recebida pelo promotor de justiça do MPPA Paulo Arias que ouviu as demandas, registrou as necessidades e deu o seguinte encaminhamento: “Ao invés de ocorrerem reuniões separadas pelos conselhos de pesca, nas respectivas comunidades, seja feita uma reunião única no edifício do MP em Santarém com a participação de todos os órgãos públicos”.

Lago na região do Ituqui

Lago na região do Ituqui

Invasões frequentes

Em mais de cinquenta anos como pescador, Erbeson Campos de Almeida disse estar decepcionado com a invasão feita nos lagos da região que ele e a família retiram o sustento com responsabilidade: "nós estamos nos  sentido humilhados porque quando eles vem não é um pescador, vem 10/15 rabeteiros. Como que um pescador vai chegar lá e mandar eles irem embora?" questiona sobre a falta de fiscalização dos órgãos de proteção ao meio ambiente.

Reunião comunitária na região

Reunião comunitária na região

As invasões sao recorrentes na maioria das comunidades de várzea do Baixo Amazonas. Pescadores oriundos de outras regiões formam grupos e entram com instrumentos proibidos em áreas com acordos de pesca definidos, ou protegidos por lei. O resultado da pesca discriminada é a extinção de algumas espécies nas áreas afetadas. "nós estamos ficando com dificuldade de peixe porque a gente não tem mais como proibir os infratores. Tem placa nos igarapés. Mas estão educando os pescadores a entrar porque quando não tinha as placas os pescadores não entravam" - explica Almeida sobre a recente instalação de placas na margem dos rios, as proximidades da entrada dos lagos. As placas que proíbem a entrada de rabetas no lago acabam atraindo a atenção e indicando a presença de peixes.