Seminário Floresta Ativa Tapajós do Projeto Saúde e Alegria possibilita troca de experiências e unificação de forças para melhorar vida dos povos dessas comunidades

Evento realizado na comunidade Carão reuniu participantes de diversas instituições. Sociedade Para Pesquisa e Proteção do Meio Ambiente integrou rodadas de discussões em torno das definições de forças, oportunidades, fraquezas e ameaças dentro das comunidades

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A Produção de mel, mudas florestais, óleos, sementes e ecoturismo são apostas da Flona e Resex para 2019. Os aproximadamente 200 representantes dos pólos que integraram as rodadas de discussões foram divididos em seis grupos para tratar das principais demandas ligadas a Água, Energia e Tecnologia, Cadeia Produtiva, Juventude e Empreendedorismo, Mulheres, Turismo e Artesanato, Saúde, Organização e Gestão. O principal intuito é encontrar maneiras de incentivar a organização comunitária com foco sustentável e produtivo de forma a suprir a renda familiar.

Para a consultora da Sapopema Wandicleia Lopes o evento possibilitou uma ampla abordagem sobre as situações passadas pelos comunitários: “os problemas, as dificuldades e desafios vivenciados na várzea também são vivenciados pelas comunidades que estão nas florestas, nos rios e também no planalto. É possível socializar as experiências e unificar forças na busca de uma expectativa melhor para os povos dessas comunidades tão distantes dos grandes centros urbanos”.

Mas afinal, o que fazer para melhorar a vida de quem mora na Amazônia e extrai da natureza bens para a subsistência? Com objetivo de responder ao questionamento de forma participativa, o Projeto Saúde e Alegria realizou um encontro no CEFA para promover balanço das atividades e discutir perspectiva para o próximo ano.

A maior parte das comunidades vive sem o mínimo de conforto com água limpa e energia. Maria Margareth Seade moradora da Comunidade São Pedro - Região do Arapiuns já contemplada com sistema de água por meio do projeto Saúde e Alegria contou como outras comunidades lidam com a falta do liquido: “A nossa vizinha que é a comunidade Nova Vista tem um plantio imenso de pimenta do reino, mas a dificuldade é a água. Algumas comunidades tem, mas outras ainda não. Daí a importância da parceria com os projetos no caso da Saúde e Alegria que tem se esforçado para suprir isso aí”.

Cadeia Produtiva

As famílias que sobrevivem da Meliponicultura tem encontrado inúmeros desafios para promover o negócio devido ao alto índice de queimadas que impedem a atividade diz o produtor José de Aquino morador da Vila Franca: “Tendo a queimada, não tem reflorestamento e as abelhas não tem produção. Este ano caiu muito a produção do mel porque teve muita queimada e não teve florada. Nós investimos na produção de mudas, plantas medicinais que ajudaram na produção de mel” - finaliza.

Juventude e Empreendedorismo

O futuro das comunidades se concentra nas organizações comunitárias promovidas pelos jovens que planejam atividades que melhorem a vida nessas regiões. Solano Guimarães morador da comunidade Mentae no Rio Arapiuns enfatizou a falta de instrumentos básicos que impedem o empreendedorismo: “É um desafio grande com comunicação, investimento, infra-estrutura e acessibilidade tudo isso dificulta muito. A gente vai elaborar propostas estratégias concretas para trabalhar dentro das comunidades”.

Mulheres, Turismo e Artesanato

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Pensando na geração de renda por meio da produção da mulher no artesanato e incentivo ao turismo de base comunitário os integrantes de um grupo de trabalho discutiram sobre o potencial da região. Maria Odila Godinho moradora da Comunidade Anã Turiarte e coordenadora da Cooperativa de Turismo e Artesanato na Floresta destacou a possibilidade de aumentar o faturamento das populações tradicionais: “nossa cultura, nossa própria natureza, as praias. Isso é uma grande fortaleza que nós temos. Mas enfraquecemos quando a gente não cuida da nossa comunidade com a limpeza, com o lixo. Isso é uma fraqueza. Precisamos conhecer o processo amplo: trabalho, serviços humanos, trabalhar com a natureza pra expor essa beleza para o turismo”.

Saúde

Outra necessidade apontada pelos comunitários se refere a falta de políticas publicas na área da saúde. O Agente Comunitário de Saúde Djalma Moreira morador do Suruacá no Rio Tapajós contou como padece com a falta de estrutura nos atendimentos: “Eu como Agente de Saúde sofro muito porque sou chamado de mentiroso. É uma tristeza grande. Antes do Saúde e Alegria entrar em 1987 morria muita criança com diarréia, vomito coqueluche, sarampo, pneumonia. Hoje é difícil ver as crianças morrerem”.

Organização e Gestão

Promover o fortalecimento das culturas, da renda e possibilitar o acesso ao básico é um desafio diz o Presidente da Associação das Organizações Tapajoaras Dinael Cardoso: “Fazer gestão de um território como a Tapajós Arapiuns que são 690 mil hectares, onde habitam 75 comunidades, 13 mil moradores é diferente de fazer uma gestão de uma associação local. A gente tem que pensar no conjunto”.

Expansão e novos projetos

Dando continuidade aos projetos desenvolvidos e implementar novos para melhorar a vida das populações dessas regiões, foram feitas avaliações e anúncios no encontro: “Novos apoios para sistemas de água, tratamento de água, energia solar nas casas, como melhorar o pé de meia – a economia mantendo a floresta em pé, valorizando a cultura e uma das discussões aqui é a montagem de uma rede de coletores de sementes, reposição e restauração florestal, a questão do mel.” – divulgou.

Dentre os projetos estão: incentivo as Cadeias produtivas e expansão com foco na Flona, Saneamento e Água, Energias Renováveis, projetos com Crianças, Adolescentes e Jovens, foco à promoção da Saúde, Formação, Capacitação e Tecnologias Demonstrativas, Produção e processamento, Estocagem, escoamento e comercialização, criação de casa de artesanato, construção de novas Pousadas, Eletrificação Rural 2019/20, Ampliação Carão.

 

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