Aplicativo será usado para monitoramento do pescado em comunidades tradicionais da várzea em Santarém

Projeto Ciência Cidadã para a Amazônia contará com a integração de professores e alunos para monitorar a diversidade de peixes capturados pelos pescadores das comunidades. Com apoio de técnicos, a qualidade da água nos locais de captura também será inspecionada

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O projeto será feito em duas regiões estratégicas para as comunidades tradicionais: Aracampina localizada na Ilha de Ituqui, na margem direita do Rio Amazonas e na comunidade Indígena de Solimões, margem esquerda do Rio Tapajós na Reserva Extrativista Tapajós/Arapiuns. 

A comunidade Solimões é constituída de uma população indígena e extrativista. Foi escolhida por causa de sua localização e pela importância da pesca para as famílias da comunidade. Esta comunidade se encontra em processo de discussão para a criação de um acordo de pesca, o primeiro do Brasil envolvendo a calha de um rio de grandes dimensões. 

Desde o início da década de 1980 as comunidades da Resex Tapajós/Arapiuns e do PAE Ituqui vem desenvolvendo atividades de conservação e de co-manejo dos seus recursos pesqueiros. Nos últimos 15 a 20 anos as comunidades criaram os acordos de pesca visando proteger seus lagos da pressão da pesca comercial. Através de parceria entre as comunidades, IBAMA e ONGs locais foi desenvolvido um sistema de co-gestão da pesca a partir dos acordos comunitários que tem contribuído para a conservação e o desenvolvimento sustentável da pesca. 

Sobre o projeto 

Este projeto incentiva o engajamento de jovens e moradores no monitoramento dos recursos pesqueiros da região e ajuda a formar uma nova geração de lideranças comunitárias comprometidas com a conservação dos recursos pesqueiros que são a principal fonte de renda e de proteína animal consumida pela população.
O projeto também visa contribuir para a retomada do programa de educação ambiental desenvolvido nas escolas das comunidades de várzea através de parceria entre a SEDUC e uma ONG local. 

O projeto apoiará o desenvolvimento de um programa de educação ambiental na comunidade de Solimões, que já dispõe de uma estrutura de infocentro e integra o Centro Experimental Floresta Ativa(CEFA), um espaço que visa incentivar e melhorar a geração de renda dos moradores com ênfase na segurança alimentar. Dessa forma, o projeto visa fortalecer a participação dos moradores na conservação de seus recursos pesqueiros e o engajamento dos jovens no monitoramento da pesca e dos recursos pesqueiros.

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Comunidades contempladas 

A Reserva Extrativista Tapajós/Arapiuns, criada em 1998 (Decreto Presidencial de06 de novembro de 1998)tem uma área de 647.610 hectares e tem cerca de 75 comunidades. Ela faz parte do Centro Experimental Floresta Ativa (CEFA), um pólo de referência para o desenvolvimento sustentável de projetos e tecnologias socioambientais replicáveis em toda a Amazônia. 

O CEFA é desenvolvido com apoio do Projeto Saúde e Alegria em parceria com a Associação Tapajoara (organização concessionária que reúne lideranças de todas as associações das 75 comunidades da reserva) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade — ICMBio. O projeto de monitoramento da pesca fará parte de processo de capacitação de populações tradicionais na co-gestão dos recursos pesqueiros do Rio Tapajós e da Resex Tapajós/Arapiuns. 

A segunda comunidade participante do projeto é Aracampina, do Projeto de Assentamento Ituqui (PAE-Ituqui). É uma comunidade de 260 habitantes, localizada às margens do rio Amazonas, no Município de Santarém. Estão presente na comunidade de Aracampina 16 lagos, e 3 igarapés, sendo todos eles utilizados para pesca comercial e subsistência. As principais espécies capturada nos lagos inclui Pacu (Piaractusmesopotamicus), Acara-açu (Astronotuscrassipinnis), Acari (Liposarcuspardalis) Tucunaré (Cichlaspp), Mapará (Hipophthalmus spp.) Aruanã (Osteoglossumbicirrhosum), Aracu (Leporinusfreiderici), Pescada (Plagioscionspp), Tambaqui (Colossomamacropomum) e fura-calça (Pimelodinaflavipinnis). No  Rio Amazonas as espécies mais pescadas são Filhote (Brachyplatystomafilamentosum) e Dourada (Brachyplathystomaflavicans).

Na comunidade de Aracampina existe acordo de pesca em vigor para todos os corpos hídricos, com exceção do rio Amazonas. Os comunitários não pretendem que essa seja modificada, mas que medidas de conservação dos recursos continuem sendo adotadas para os lagos e igarapé, e que se estendam também para o rio Amazonas, onde ainda não existem acordos comunitários que regulam a forma de captura dos peixes. O confinamento dos animais em maromba, comum em alguns municípios do Baixo Amazonas, é utilizado somente por alguns criadores da comunidade de Aracampina, de março a julho, período que pode ser alterado dependendo da enchente e da vazante do rioAmazonas.

Serviço

O que: Lançamento do projeto na comunidade Aracampina
Onde: Lancha com saída de Santarém às 6h00 e retorno às 14h.
Quem: Estudantes, professores e coordenação doprojeto
Quando: Sexta, (20)

| Por Ascom Sapopema/Samela Bonfim