Manejo de Quelônios: começa desova e comunitários intensificam fiscalizações

Comunidades Correio do Tapará e Água Preta em Santarém e Urucurituba de Alenquer são referências na região do Baixo Amazonas na conservação das espécies. São iniciativas próprias de manejo de quelônios nos próprios territórios através da proteção de praias de desova e do estabelecimento de áreas de reserva onde os animais adultos não podem ser capturados.

Comunidade Água preta: soltura em janeiro de 2018

Comunidade Água preta: soltura em janeiro de 2018

Para os fiscais voluntários o trabalho é anual, mas aumenta em setembro quando começa a desova e cresce a atividade predatória humana. Neste período entram em cena de dia e noite os defensores da natureza – moradores das regiões.

Em Água Preta durante todo o ano os moradores se revezam nas fiscalizações do tabuleiro para evitar que os ovos sejam furtados por invasores. O quelônio - espécie de alto valor comercial é alvo das frequentes tentativas de furtos que são interrompidas pela ação voluntária dos fiscais da própria comunidade.

Comunidade Água preta: soltura em abril de 2017

Comunidade Água preta: soltura em abril de 2017

Na área de reserva milhares de ninhos são feitos pelas tartarugas que depositam os ovos, e acabam atraindo a atenção dos predadores. Em 2017 foram soltos mais de cinco mil filhotes em uma cerimônia realizada no mês de abril. Já em 2018, o número foi de dois mil no mês de janeiro. Nesta comunidade, a iniciativa de conservação acontece há pelo menos 30 anos.

Correio do Tapará

De setembro a outubro as tartarugas depositam os ovos na praia da comunidade. Até novembro os filhotes nascem e são transportados para um berçário artificial, feito pelos moradores.

Comunidade Correio do Tapará: soltura em maio de 2018

Comunidade Correio do Tapará: soltura em maio de 2018

Assim como nas demais regiões, um dos maiores desafios para os guardiões voluntários é a falta de apoio governamental nas fiscalizações. Sozinhos realizam o monitoramento da praia e tentam afugentar invasores. Uma árdua tarefa que nem sempre é bem sucedida, porém serve de inspiração para outras comunidades engajadas na defesa do recurso natural

A ultima soltura aconteceu em maio deste ano [2018]. “Devido a um grande mal que afetou o nascimento nós conseguimos menos que o esperado. Algo em torno de 600 filhotes”, explicou o presidente da Associação de Moradores do Correio do Tapará João Mário dos Santos.

Além das duas comunidades em Santarém, na comunidade Urucurituba, em Alenquer, as atenções e fiscalizações são voltadas para a praia conhecida como Ilha do Meio, onde centenas de tartarugas-da-amazônia (Podocnemis expansa) desovam anualmente.

inicialmente a captura excessiva de animais e ovos, principalmente de fêmeas durante o período reprodutivo, era a única grande ameaça para os quelônios na Amazônia. Agora, outras ações do homem se tornaram ameaças para os quelônios como o desmatamento, a alteração de habitat com a implantação de hidrelétricas, portos e outros empreendimentos ao longo dos rios da Amazônia.

Sobre os quelônios da Amazônia

Foto: Samela Bonfim / Ascom Sapopema

Foto: Samela Bonfim / Ascom Sapopema

Existem 15 espécies de quelônios de água doce e semiaquáticos na amazônia, dentre os quais se destacam as espécies da Família Podocnemididae pela abundância e importância econômica e cultural na região. São cinco espécies na amazônia brasileira das quais 3 especíes: tartaruga-da-amazônia (Podocnemis expansa), tracajá (Podocnemis unifilis), pitiú (Podocnemis sextuberculata). Na área de várzea do Baixo Amazonas abriga em maior quantidade tracajás, tartarugas e pitiús.