Conservação: comunitários preparam soltura de mais de 700 quelônios em Correio do Tapará

Projeto Quelônio nas Águas desenvolvido pelos comunitários na região de várzea prevê soltura para o mês de abril. Iniciativa de conservação da espécie acontece durante o ano todo;

Fotos: Warley Barbosa

Fotos: Warley Barbosa

Em 2020, o mês de abril representa um marco na vida dos moradores de Correio do Tapará, Baixo Amazonas. A comunidade ribeirinha que sobrevive da pesca concentra a expectativa neste mês porque anualmente realiza a soltura dos quelônios que são cuidados antes mesmo de nascer.

A partir do mês de setembro, quando os ovos são depositados pelos tracajás em uma praia natural, os monitores (coletores) fazem a retirada dos ninhos com procedimento especifico de retirada da areia e conduzem para uma praia artificial, onde são vigiados dos predadores humanos e naturais. “Eles tem o trabalho de ir a praia todas as noites, coletar os ninhos no mês de setembro a dez de outubro que é o período da desova. Com todo cuidado eles trazem os ovos para a praia onde se reproduzem. Após 45 dias começa o nascimento de primeiro de novembro até o final. Dai é o processo de colocar no berçário, alimentação, troca de água de três em três dias e cuidar porque eles brigam no próprio berçário” – explicou o coordenador do projeto quelônio das Águas João Mário Pinto.

Não fosse o trabalho dos vigilantes locais, esses tracajás estariam em perigo de extinção, contou a bióloga e professora da Ufopa Priscila Miorando: “é uma iniciativa tomada pelos próprios comunitários que perceberam que os animais estavam desparecendo no seu território que antes eram visto em abundancia no seu território. Isso mostra que se tem conscientização porque tem o envolvimento da comunidade”.

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Para realizar o trabalho de conservação ambiental, os moradores contam com o apoio de entidades parceiras como a Sapopema: “aqui especificamente em Correio do Tapará nos últimos quatro anos nós temos apoiado essa iniciativa de conservação dos quelônios que é uma importante iniciativa que serve de modelo para que outras comunidades da região possam seguir o mesmo exemplo de conservação” – explicou o coordenador da entidade, Antônio José Bentes.

A data concreta da soltura ainda está em análise, destacou João Mário: “estamos articulando a data para que os alunos possam participar após o final do ano letivo. Entre 700 e 800 estão aptos a soltura. É um trabalho árduo porque nós contamos com pouco apoio. O apoio que nós temos hoje é da Colônia de pescadores Z-20, da Sapopema que sempre nos deu apoio, o apoio dos comunitários que ajudam na fiscalização, dos coletores que dedicam parte do tempo pra cuidar desses filhotes, os comunitários que ajudam na alimentação e de vez em quando aparece um outro.”

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