Intensificação da pesca predatória gera conflitos na região do Ituqui e Maicá

Invasão nos lagos de comunidades das regiões do Ituqui e Maicá para captura de peixes no período do defeso tem preocupado lideranças comunitárias.

Foto: arquivo Sapopema.

Foto: arquivo Sapopema.

A pressão pesqueira tem aumentado nas comunidades, afirmam os moradores das regiões do Ituqui e Maicá em Santarém. “A invasão está muito grande. Cada dia que passa evolui mais. A gente pede apoio dos órgãos e eles não vem fiscalizar. Vem uma vez por ano e pra nós o maior problema é isso aí. A gente tem uma arma na mão, a Instrução Normativa, mas pra fazer valer tem que sair do papel e isso não tá acontecendo” – contou o pescador Vanildo furtado do Quilombo São José ituqui [ouça entrevista na íntegra aqui].

Os conflitos nas comunidades têm gerado ameaças de morte, pois ao indagar a prática, os invasores rebatem. Raimundo Nonato da comunidade São José 1 ressaltou a grande presença de embarcações com apetrechos não permitidos. “Há muitas malhadeiras nos lagos, tem as placas, mas só estão indicando para os pescadores que gostam de praticar a pesca predatória e há muitas bajaras no lago com muita rede. Eles pescam só o proibido o surubim, bocó... A placa só diz que é proibida a entrada de barco motorizado dentro dos lagos, daí eles sabem que tem acesso ao lago. Eu já encarei um bocado de gente, que leva rede de malha de 25 de altura” – comenta.

Reunião do Conselho Regional de Pesca do Ituqui em 02/09/2020.

Reunião do Conselho Regional de Pesca do Ituqui em 02/09/2020.

As denuncias foram socializadas durante reunião do Conselho Regional de Pesca no dia 02 de setembro. De acordo com o presidente do conselho do Ituqui, Joelson dos Santos da Silva a preocupação tem aumentado nos últimos dias e o que motivou a organização comunitária: “Mobilizar o pessoal pra gente coibir a entrada de pessoas nas regiões. A IN e atualização dos planos de uso há um bom tempo não são atualizados e precisamos que sejam colocados em prática”.

Participaram da reunião, além dos moradores e coordenadores de núcleo, representantes da Sapopema, a Comissão Pastoral da Pesca e Colônia de Pescadores Z-20. A partir do encontro, foi firmado o início de um processo de conscientização dos pescadores que participarão de módulos de capacitação, explicou a consultora da Sapopema, Wandicleia Lopes: “fortalecer a luta deles. Estão envolvidos nesse processo a Sapopema, a CPP, a Colônia de Pescadores Z-20 e os coordenadores dos núcleos de base e conselhos regionais de pesca. No dia 25 de setembro vai começar com o tema de revisão de IN que regulamenta a pesca na região. A cada modulo vamos marcar nova etapa. A ideia é que os conselhos saiam fortalecidos, a luta dos pescadores mais qualificada e formação de novas lideranças”.