Estudantes participam de encontro de ciência cidadã para avaliação dos três meses de uso do app ictio

Evento foi realizado na última segunda-feira (11/10), e contou com a presença de professores, estudantes e gestores das escolas de onze comunidades, integrantes do projeto;

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Mais de cem estudantes das comunidades Aracampina, Costa do Tapará,  Santa Maria, Tapará Grande, Pixuna do Tapará, Tapará Miri, Aldeia Solimões, Suruacá, Parauá, São Luíz do Tapajós (Itaituba) e Cametá (Aveiro), participaram do primeiro encontro trimestral de avaliação e sistematização dos dados de coletas do aplicativo ictio do projeto Ciência Cidadã para a Amazônia/WCS.

Durante o encontro, os estudantes e professores, participaram da palestra com o prof. Dr. da Ufopa, engenheiro de Pesca e doutor em Ecologia Aquática e Aquicultura, Maia Zacardi, sobre o pulso de inundação das águas em áreas de pesca. Na fala, o professor explicou os fatores que influenciam na dinâmica da pesca em regiões com diferentes características hidrográficas. No encontro também foi aplicado um questionário sobre os impactos da suspeita de casos da síndrome de haff e seus reflexos na dinâmica da pesca e posterior registro no aplicativo. Zacardi também esclareceu sobre pesquisas realizadas pela universidade e que não existem até o momento, confirmações da doença na região. 

Representantes do Mopebam, Semed, Sapopema e Ufopa no evento.

Representantes do Mopebam, Semed, Sapopema e Ufopa no evento.

Com uso de metodologia participativa, os participantes foram divididos em grupos por comunidades, onde compartilharam o que aprenderam ao longo dos três meses, quais as maiores dificuldades encontradas e como estão realizando as coletas por semana. 

“Nós aprendemos os nomes científicos das espécies. Os pescadores quando chegavam pra fazer fotos dos peixes, eles viam que tinha alguém registrando tudo e que estava tendo alguma serventia. Um dos principais objetivos do ictio é a preservação do meio ambiente, e sem o meio ambiente a gente não vive” - explicou Estefane Oliveira, estudante da Aldeia Solimões. 

“Tem sido muito interessante a participação dos alunos, sempre perguntando, professor qual dia que nós vamos coletar, em qual local? Quando os alunos vêem que estão passando cardumes de peixes ficam ainda mais interessados em fazer as coletas” - contou o Professor Lucenildo Santos, da comunidade Tapará Grande. 

Com o uso dos aparelhos celulares, os estudantes que têm registrado a pesca nas comunidades de origem, participaram de oficina prática para tirar dúvidas e potencializar a utilização do app. Também foram apresentados dados das coletas trimestrais no Estado do Pará. No período de julho a setembro, foram registradas 349 listas nas bacias do Amazonas (entre Negro e Xingu), Curua Una e Tapajós. Dentre as espécies mais registradas, aparecem: Mylossoma sp. (pacu), Triportheus sp. (sardinha), Zungaro zungaro (jaú), Semaprochilodus insignis (Jaraqui), Hypophthalmus marginatus (mapará), Prochilodus nigricans (curimata), Brycon sp.(matrinxã), Pseudoplatystoma tigrinum (caparari), Anostomidae sp. (aracu), Mylossoma albiscopum (pacu), Brachyplatystoma platynemum (babão/barba-chata), Pseudoplatystoma sp. (surubim), Brachyplatystoma vaillantii (piramutaba), Brachyplatystoma rousseauxii (dourada), Piaractus brachypomus (pirapitinga), Colossoma macropomum (tambaqui), Arapaima sp. (pirarucu), Pseudoplatystoma fasciatum (cachara/surubim/pintado).

“Fazer esse monitoramento do uso do app é importante porque cada comunidade vive uma realidade diferente. Tem comunidade que tem internet, outras não tem. Tem comunidade que tem alunos mais experientes e que já conhecem o app, e outros que estão iniciando agora. Então essa troca de experiências foi muito válida pra gente fazer um nivelamento das informações e do uso da tecnologia. Um outro momento com foco importante foi avaliar como eles estão encarando a experiência. Pontuando os pontos positivos, as dificuldades, a participação do professor Diego da Ufopa que fez uma apresentação sobre os ambientes aquáticos, da várzea e Bacia do Tapajós” - considerou a professora dra da Ufopa, Socorro Pena. 

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O Projeto Ciência Cidadã para a Amazônia está presente no Brasil, Equador, Estados Unidos, Colômbia, França, Peru e Bolívia com uma rede de organizações e pessoas que geram informações sobre peixes e águas na escala da Bacia utilizando uma abordagem participativa e tecnologias inovadoras e de baixo custo. O ictio se apresenta como uma estratégia de registro de observação de peixes na Amazônia. A aplicação e banco de dados sobre peixes migratórios se baseia na colaboração de populações tradicionais, incluindo indígenas, pescadores, manejadores, associações, estudantes, cientistas e professores.

Na região do Baixo Amazonas em Santarém, Brasil, o Projeto Ciência Cidadã é implementado pela Sapopema nas comunidades de várzea e pelo Mopebam nas comunidades do Tapajós, com parceria da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Projeto Saúde e Alegria, Semed e apoio da WCS e TNC. 

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“Estiveram presentes mais de cem pessoas. Tivemos todo um cuidado nesse evento, com protocolos de segurança, onde disponibilizamos máscaras, álcool em gel e orientamos todos a manter distanciamento. Foi muito importante para o Movimento porque nós já observamos o interesse dos alunos em aprender através desse aplicativo. A gente espera que com a finalização desse projeto, eles tenham condições de ingressar numa faculdade com esse aprendizado” - ressaltou um dos coordenadores do Mopebam, Ednaldo Rocha.

Educadores receberam certificado de participação no Projeto.

Educadores receberam certificado de participação no Projeto.