Monitores de quelônios de Correio do Tapará participam de intercâmbio no Projeto Pé-de-Pincha em Oriximiná 

Monitores do Projeto Quelônio nas águas de Correio do Tapará participaram de intercâmbio no período de 01 a 03 de outubro;

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Monitores do Projeto Quelônios nas Águas - que há nove anos desenvolve a conservação de tracajás em Correio do Tapará em Santarém, participaram do curso prático de conservação de quelônios junto ao Projeto Pé-de-Pincha em Oriximiná no Pará. 

A participação dos monitores foi uma articulação da Sapopema/Ufopa, através da professora da Universidade campus Oriximiná, Priscila Miorando, que promove a assessoria técnica do manejo de quelônios: “Todo ano ocorre a capacitação do projeto Pé-de-Pincha. E esse ano nós pensamos em integrar os monitores do Correio do Tapará, no sentido de trocar ideias, aumentar o conhecimento, e proporcionar a realização de práticas para contribuir para aumentar o sucesso do Projeto Quelônios das Águas” - ressaltou. 

Para Rodrigo dos Santos, 20, coletor há quatro anos, o intercâmbio ampliou a percepção sobre a importância das atividades de conservação e mostrou diferentes formas de trabalho. “Foi interessante, a gente viu a forma como eles coletam. No Correio do Tapará a gente coleta com a urina do tracajá e lá eles retiram só os ovos” - disse. 

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Jair Cândido, 39, coletor em Correio do Tapará há 8 anos, destacou a necessidade de investimento na atividade para proteger a espécie: “Pra mim a experiência foi muito boa porque a gente aprendeu coisas novas. O manejo dos quelônios é muito importante para que futuramente os nossos filhos possam ter com abundância, porque está quase extinto, mas a gente está conseguindo resgatar de novo”. 

O projeto Quelônio nas Águas tem apoio da Sapopema e de outros órgãos como a Prefeitura de Santarém. A partir do mês de agosto, quando os ovos são depositados pelos tracajás em uma praia natural, os monitores (coletores) fazem a retirada dos ninhos com procedimento específico de retirada da areia e conduzem para uma praia artificial, onde são vigiados dos predadores humanos e naturais. “A desova varia de acordo com o lugar. Em Correio começa no final de agosto até outubro. Os filhotes demoram cerca de dois meses para eclodir. Os filhotes são transferidos para um berçário onde são alimentados por cerca de três meses, para depois serem soltos na natureza. A soltura ocorre em meados de março e abril” - explicou Miorando. 

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A perspectiva é que essa iniciativa cresça e que tenha cada vez mais resultados melhores, no sentido de contribuir tanto para a conservação dos quelônios, quanto para conservação dos ambientes onde esses animais se alimentam e se reproduzem, e dos ecossistemas presentes na comunidade.

Projeto Pé-de-pincha*

O projeto de Manejo Comunitário de Quelônios (Pé-de-Pincha), da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), comemora 22 anos em 2021. O trabalho envolve diversas comunidades do Amazonas e Pará em prol da conservação e proteção dos Tracajás, Tartarugas e Iaçás da região. 

Em 1999 a Ufam, em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e as comunidades ribeirinhas, iniciou um programa de manejo comunitário de Quelônios, o Projeto Pé-de-Pincha. De Terra Santa o projeto se espalhou por mais de 15 municípios e 123 comunidades do Amazonas e Pará, ao longo do Médio Rio Amazonas, Juruá, Negro e Madeira. Às margens desses rios o projeto realizou a soltura de mais de 4,5 milhões de bichos de casco.

Ainda de acordo com os coordenadores, o Projeto Pé-de-Pincha é um dos maiores programas de conservação comunitária de Quelônios e de voluntariado do mundo, sendo este trabalho reconhecido a nível global com uma publicação importante na revista científica Nature, em novembro do ano passado (Leia mais)

*Trecho extraído de Ufam
Fotos: arquivo pessoal.

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