Sapopema lança cartilhas de monitoramento da pesca na várzea do Baixo Amazonas
/Coletânea reúne dados sistematizados das comunidades Urucurituba, Ilha de São Miguel, Tapará Miri, Santa Maria do Tapará e Pixuna;
A pesca é uma das principais atividades realizadas pelas famílias das comunidades de várzea do Baixo Amazonas. Entretanto, nos últimos anos essa atividade tem sido ameaçada pelo aumento da pesca predatória, levando à escassez de peixes nos lagos. Preocupados, os comunitários têm se organizado para proteger as áreas de pesca e garantir a conservação do pescado.
Pensando nisso, a Sapopema desde 2017 tem realizado o monitoramento da pesca nas cinco comunidades com acompanhamento periódico das pescarias e das capturas de peixes, a partir do registro dos próprios moradores para conhecer a dinâmica da pesca e entender o comportamento dos peixes nos lagos.
A metodologia usada nas cartilhas, se baseou nos dados coletados com os pescadores que responderam questionários durante sete dias consecutivos, uma vez por mês. Nas comunidades com mais de cinquenta famílias, foram entrevistadas catorze. Nas comunidades com menos de cinquenta unidades familiares, foram entrevistadas oito. Para comparar informações como o esforço de pesca e a captura de peixes nas diferentes épocas do ano, as análises e apresentação dos dados foram divididos em quatro períodos distintos: 1) enchente– janeiro, fevereiro e março; 2) cheia–abril, maio e junho; 3) vazante– julho, agosto e setembro e 4) seca–outubro, novembro e dezembro.
“O monitoramento da pesca serve para saber como funciona o trabalho da pesca nos territórios pesqueiros e entender o comportamento dos estoques de peixes nos lagos das comunidades ao longo dos anos, gerando informações para auxiliar decisões coletivas com vista ao fortalecimento dos trabalhos comunitários” – explicou Antônio José Bentes, coordenador da Sapopema.
Cada cartilha apresenta individualmente os dados das comunidades, tais como: captura, consumo e comercialização, exibindo fatores como a quantidade de extração semanal de peixes, espécies, locais de captura, arreios utilizados e o valor percentual que as espécies representam em relação à captura total.
Além dessas informações que voltam a comunidade seguindo o princípio de devolutiva dos dados em cartilhas impressas, são compartilhadas também, informações educativas como: o que é o manejo, explicação sobre o manejo comunitário dos recursos pesqueiros, monitoramento da pesca, extração do pescado nos diferentes períodos (enchente, cheia, vazante e cheia).
Em Urucurituba no período da enchente as famílias da comunidade pescaram em média 3,5 vezes por semana, em seis horas por dia, capturando cerca de 97,8 kg de peixe/semana/família. Em Tapará Miri no mesmo período, as famílias pescaram em média 4,4 vezes por semana, em 7,4 horas diárias com aproximadamente 92 quilos de peixe por semana por família. Santa Maria pescou cerca de 5,4 vezes por semana em 4 horas diárias, totalizando 91,5 kg de peixes por semana/família. Também na enchente, famílias de Pixuna do Tapará pescaram em média 3 vezes por semana, com 5 horas diárias, capturando cerca de 19 quilos de peixes. E em São Miguel, as famílias pescaram em média 3,6 vezes por semana em 3,8 horas por dia com a captura média por família de 47,2 quilos de peixes.
Já no período da seca, as famílias de Urucurituba pescaram em média 3,2 vezes por semana em 7,5 horas por dia, com a captura média de 95,6 quilos de peixes por semana/família. No mesmo período, Tapará Miri pescou 3,7 vezes por semana, em 7,4 horas/dia, com captura de 77 quilos/semana/família. Santa Maria pescou 4,6 vezes por semana, 3,9 horas por dia com a captura de 67,6 kg de peixes por semana. Pixuna do Tapará na cheia pescou em média 3 vezes por semana, em pescarias com duração média de 4,5 horas por dia com 44,6 quilos de peixe por semana. Famílias de Ilha de São Miguel pescaram 3 vezes na semana, em 4,5 horas por dia com 41,5 quilos de peixes.
“A publicação dessas cartilhas sobre monitoramento é resultado do trabalho que a SAPOPEMA vem desenvolvendo em parcerias interinstitucionais, com as organizações dos pescadores e comunidades envolvidas e tem como objetivo socializar as informações levantadas, servir de material didático-pedagógico nas escolas nas atividades e educação ambiental e ao mesmo tempo orientar nas ações de planejamento do ordenamento e gestão dos recursos pesqueiros nas comunidades que participam deste processo” - ressaltou Bentes.
A elaboração dos documentos contou com a parceria da Colônia de Pescadores Z-20, Mopebam, Conselho Pastoral dos Pescadores, Ufopa, Earth Innovation Institute, Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade - Semas e Secretaria de Agricultura e Pesca - Semap e apoio da Norad e Fundação Tinker.
Para acessar os dados completos, acesse as cartilhas disponíveis para download aqui.