Manejo de quelônios em Ilha do Meio, entre Curuá e Alenquer no PA é estudado por pesquisadora
/Levantamento de informações sobre a biologia reprodutiva das espécies e a influência de fatores ambientais locais está sendo realizado por pesquisadora da Ufopa com parceria da Sapopema;
Uma pesquisa de mestrado, realizada pela Bióloga Andressa de Jesus, discente do Programa de Pós-graduação em Biodiversidade (PPGBEES) da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), sob a orientação das professoras doutoras Maria Tereza Piedade e Priscila Miorando, com parceria da SAPOPEMA, Secretaria de Meio Ambiente de Curuá e da Comunidade de Urucurituba, está investigando o processo de reprodução e comportamento dos quelônios da Amazônia.
As coletas realizadas no período de setembro de 2021 a janeiro de 2022 se concentraram na Ilha do Meio, localizada no rio Amazonas em seu trecho no território do Município de Curuá.
Através da observação participante, a pesquisadora tem identificado a organização para as atividades de preservação na Ilha do Meio, como fiscalização e limpeza da área para a desova de tartarugas-da-amazônia, a principal espécie que desova na área. O diagnóstico de áreas que demandam ações de proteção pode ser realizado por meio de estudos da ecologia reprodutiva dos quelônios, informações sobre o comportamento das espécies e a influência de fatores ambientais locais.
“A partir de 13 de junho é o período em que acontece a descida das águas do rio Amazonas, normalmente, mas no ano de 2021 retardou para julho e ocorreu lentamente. Em 2009, houve uma cheia muito grande. Em 2015, houve muita chuva nos meses de setembro e outubro, o que ocasionou a não formação de praia e elas migraram para uma outra ilha chamada de Tucunaré, as tartarugas que permaneceram em frente a ilha do meio e não conseguiram encontrar área seca desovaram às margens da ilha. E no ano de 2016 elas voltaram a desovar na área normalmente”, relatou Andressa.
Desde 2007, a Ilha do Meio recebe uma atenção como Reserva Ambiental, servindo como um berçário natural para diferentes espécies, como gaivotas, corta-água, bacurau, marrecas, urubu-de-cabeça-vermelha, caranguejos, caramujos, mariposas, borboletas, libélulas e abelhas, botos, peixes-boi, peixes e quelônios amazônicos (tracajá, tartaruga-da-Amazônia e pitiú).
O período de desova das espécies de quelônios coincide com a diminuição do nível do rio, quando surgem as praias e outras áreas abertas nas florestas inundáveis. A partir dos estudos será possível observar os comportamentos característicos das tartarugas-da-Amazônia.
Mesmo diante dos instrumentos legais utilizados para gestão da fauna silvestre regidos pela Lei Federal nº 9.605/1998, que criminaliza o ato de matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem permissão, licença ou autorização ou em desacordo com a obtida, os quelônios continuam sofrendo com as práticas de captura, consumo e comércio ilegal. Assim, é urgente a implementação de medidas de conservação em áreas utilizadas por esses animais, onde enfrentam o desafio de sobreviver entre inúmeras perturbações, sobretudo devido à forte pressão de caça por populações humanas.
Como resultado, a pesquisa pretende contribuir na elaboração participativa de um Plano de Gestão ou acordo de pesca, incluindo a análise de percepção sobre mudanças climáticas e as estratégia de mitigação, bem como o manejo de Quelônios adequado para o sítio reprodutivo na Ilha do Meio, Curuá, Pará.