Praças digitais possibilitam acesso à internet em comunidades ribeirinhas
/Aldeia Solimões, Aracampina e Pixuna do Tapará estão conectadas, usando internet satelital;
Três comunidades ribeirinhas de Santarém, no Oeste do Pará, integrantes do Projeto Ciência Cidadã sob a coordenação na região pela Sapopema e Mopebam, estão conectadas à internet de satélite desde 2021. Os sistemas de Aracampina e Pixuna do Tapará são alimentados por energia fotovoltaica.
A notícia da instalação foi recebida com muito entusiasmo pela comissão gestora das escolas integrantes do projeto na região. O critério de seleção das praças digitais foi que as duas comunidades integrantes da experiência piloto, em 2018, as primeiras a integrarem o projeto, seriam beneficiadas e uma dentre as comunidades da região do Tapará. Segundo a professora da Ufopa, e coordenadora local do projeto, Socorro Pena, a expectativa é que as praças sejam instaladas em outras comunidades a partir da pactuação de novas parcerias: “as praças cumprem um papel pedagógico importante ao possibilitarem o acesso à internet para pesquisas e participação social. Nossa intenção é conseguir expandir essas tecnologias para outras comunidades e assim, fortalecer a inclusão digital nas áreas ribeirinhas” - disse.
A internet instalada é ilimitada e possibilita o uso coletivo por gestores da escola, alunos e comunidade em geral, podendo estimular as práticas sociais da comunidade, para além do carregamento de dados do aplicativo ictio. Em Pixuna do Tapará a novidade tem fortalecido o trabalho da escola Nossa Senhora Aparecida, contou a professora Adna Rebelo: “O sistema é uma novidade em Pixuna do Tapará porque é a primeira vez que a comunidade está tendo acesso a um wifi. A internet é de boa qualidade e tem possibilitado ao aluno que está participando do projeto, coletar os dados, tirar as fotos e colocar no sistema. E nós professores estamos dando suporte técnico e incentivo”.
Em Aracampina, região do PAE Ituqui, foi instalado neste mês o sistema de energia solar para operar com mais qualidade o sistema de internet, explicou o secretário da escola São Sebastião, Herlison Rocha: “A gente usava muito óleo diesel para alimentar o motor de energia, e era um gasto alto. Agora com a instalação do sistema de energia solar vai facilitar muito o uso da internet. Quando era o motor a gente usava só duas horas de manhã e à tarde. E agora a gente vai poder usar em qualquer horário”.
Na aldeia Solimões, região da Reserva Extrativista Tapajós Arapiuns, o sistema ainda está condicionado à energia de motor, pois a comunidade, assim como as demais, não possui energia elétrica. Entretanto, a disponibilidade da internet tem mudado a forma de comunicação na escola Nossa Senhora das Graças: “Isso nos possibilitou uma internet boa e rápida porque as nossas comunidades ribeirinhas têm difícil acesso a internet. Tem auxiliado nós professores e aos alunos a realizar pesquisas, trabalhos. Toda a aldeia, lideranças e moradores se sentiram privilegiados com isso. É uma internet que a gente deixa aberta, livre até para outras comunidades que precisem”, ressaltou o professor Dailon Alves.
Um dos grandes desafios para implementar os sistemas foi a ausência de energia para alimentá-los, considerou Samela Bonfim, da coordenação executiva do projeto pela Sapopema: “conseguimos através da parceria com o Mopebam e TNC recursos para implementar as praças, disponibilizando instalações, equipamentos, logística e mensalidades por doze meses. Mas faltava energia. Para Aracampina conseguimos articular parceria com a WCS por meio do Mopebam para o sistema de energia solar dimensionado, para Pixuna do Tapará conseguimos baterias com o projeto Tapajós Solar do Movimento Tapajós Vivo, e para Solimões estamos em articulação com novas parcerias” - relata.
O Projeto Ciência Cidadã para a Amazônia é uma rede de organizações que colaboram para empoderar cidadãos e gerar conhecimento sobre os peixes e ecossistemas aquáticos da Bacia Amazônica: o maior sistema de água doce do mundo. Oferece uma oportunidade para geração de informações sobre peixes e águas na escala amazônica e para envolver os cidadãos como atores informados e capacitados para o manejo sustentável da pesca e a conservação das zonas úmidas amazônicas.
Na região do Tapajós e Amazonas, é implementado pela Sapopema nas comunidades de várzea e pelo Mopebam nas comunidades do Tapajós, com parceria da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Projeto Saúde e Alegria, Semed e apoio da WCS e TNC.