Dinâmica participativa de educação ambiental e manejo dos recursos pesqueiros, marca nova devolutiva de dados do Projeto Ciência Cidadã para a Amazônia 

Cientistas cidadãos de oito comunidades integrantes do Projeto na região de várzea e Tapajós, indicaram a percepção sobre temas como manejo comunitário em discussão sobre a conservação sobre os estoques pesqueiros;

No período de 22 a 23 de fevereiro, estudantes das escolas municipais das comunidades Pixuna do Tapará, Santa Maria, Tapará Miri, Tapará Grande, Costa do Tapará, Parauá, Suruacá e Solimões, receberam a visita da equipe gestora do projeto na região. Foi a segunda devolutiva de dados coletados por eles através do aplicativo Ictio, onde indicam informações como espécie, quantidade, peso e preço. Essas informações são interpretadas, sistematizadas e devolvidas em forma de banners para cada uma das comunidades envolvidas. 

O banner demonstra de forma clara, os indicadores de cada comunidade, representando uma importante ferramenta para a estratégia comunitária de conservação, envolvendo os pais dos alunos, professores e comunidade em geral. Cada comunidade possui uma dinâmica diferente de pesca, e neste período especificamente, sofre com a escassez do pescado, esclareceu a coordenadora do núcleo de base de Parauá, Dayane Castro: "Está difícil, devido a enchente dos rios. Eles [os peixes] se escondem mais para os igapós" - ressalta. 

Com os dados, é possível analisar e entender a sazonalidade de cada região que enfrenta a enchente, cheia, vazante e seca dos rios. E ainda, comparar períodos e fatores externos, como os impactos da suspeita da síndrome de haff em 2021 e contaminação dos rios devido à mineração. 

Em uma dinâmica coordenada pela prof. dra. Socorro Pena, responsável geral pela implementação do projeto, estudantes da várzea e Tapajós indicaram suas percepções sobre o processo de manejo e sobre o Rio Tapajós. “Essa metodologia é inspirada em Paulo Freire, onde valorizamos o conhecimento tradicional e ampliamos a discussão sobre os impactos das ações sobre o meio ambiente. É fundamental estimular essa temática nesse público que em breve será o de novas lideranças comunitárias” - explica Pena. 

Nos três meses (outubro a dezembro), juntos, os estudantes das oito comunidades, registraram 492 listas de pesca. 

A dinâmica de devolução a cada três meses é importante para socializar resultados parciais da pesquisa e promover debates socioambientais sobre a dinâmica da pesca nos territórios pesqueiros. Nesses resultados é possível identificar uma variedade de espécies de peixes coletados.

O Projeto Ciência Cidadã para a Amazônia é uma rede de organizações que colaboram para empoderar cidadãos e gerar conhecimento sobre os peixes e ecossistemas aquáticos da Bacia Amazônica: o maior sistema de água doce do mundo. Oferece uma oportunidade para geração de informações sobre peixes e águas na escala amazônica e para envolver os cidadãos como atores informados e capacitados para o manejo sustentável da pesca e a conservação das zonas úmidas amazônicas.

Na região do Tapajós e Amazonas, é implementado pela Sapopema nas comunidades de várzea e pelo Mopebam nas comunidades do Tapajós, com parceria da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Projeto Saúde e Alegria, Semed e apoio da WCS e TNC.

Fotos: Samela Bonfim/Sapopema e Elizabeth Matos/Mopebam