“Feliz porque fui contemplada” – diz moradora beneficiada pelo Programa Cisterna
/É do Rio Amazonas que Zenaide Duarte, moradora de Campos de Aramanaí, região de Urucurituba retira água para os afazeres domésticos. Sem tratamento, a água barrenta gera infecção intestinal em determinados períodos da cheia e vazante
A maioria dos moradores da várzea em Santarém nunca experimentou água limpa e tratada para cozinhar. Sem nenhum sistema de tratamento, a única alternativa é usar o liquido retirado direto do Rio Amazonas e fazer um procedimento, que retira os resíduos maiores, porém não garante a purificação da água que muitas vezes é contaminada por dejetos despejados por embarcações.
“A gente tira do rio e usa para o banho e pra cozinhar. Põe no balde e deixa sentar [resíduos] e colocar no filtro pra poder utilizar. Só usamos usa porque não tem outra, mas corremos risco porque as vezes tem animais que andam na água, mas a gente usa assim mesmo” - diz Zenaide Duarte, moradora de Campos de Aramanai – região Urucurituba.
Ela representa uma das 225 famílias beneficiadas pelo “Programa Cisterna” que vai possibilitar um sistema domiciliar de captação e reserva de água de chuva, proporcionando um nível de acesso à água para o consumo humano em quantidade, qualidade e acessibilidade (50 L/pessoa/dia na estação chuvosa e 20 L/pessoa/dia na estação seca) durante todo o ano e que garante um alto grau de benefício à saúde, bem estar e privacidade para famílias beneficiadas.
Duarte diz que a família está na expectativa da finalização do serviço: “Eu fico feliz porque eu fui contemplada com esse projeto. Vai melhorar muito pra gente” – destaca a dona de casa que mora com outras cinco pessoas.
Lançamento do programa
Nesta segunda (16), representantes de 104 núcleos de várzea e comunidades: Correio, Tapara Miri, Santa Maria, Pixuna, Tapara Grande, Igarapé do Costa, Campos do Aramanai e Campos do Urucurituba, Costa do Aritapera, Paraná Fé em Deus e São José participaram da cerimônia de lançamento do projeto, realizada na sede da Colônia de Pescadores Z-20.
O encontro faz parte da proposta de acompanhamento dos moradores ao processo de instalação do sistema Multiuso Autônomo que compreende a instalação da estrutura para captação de água de chuva do telhado, dispositivo de tratamento da água, reservatório individual elevado de 1.000 litros, reservatório complementar de 5.000 litros e instalação sanitária domiciliar e a instalação de 4 pontos de uso, inclusive vaso sanitário.
Já a estrutura do Sistema Pluvial Multiuso Comunitário é constituída de componente para captação de água de chuva do telhado, dispositivo de tratamento, um reservatório individual elevado com capacidade de 1.000 litros, uma instalação sanitária domiciliar e a instalação de pontos de uso, inclusive vaso sanitário e módulo complementar composto por captação de água de fonte complementar, tratamento simplificado, reservatório de 5 mil litros comunitário e rede de distribuição de água aos módulos familiares.
Para o presidente da Sapopema, Antônio José Bentes: “Água tem bastante, mas tem muito problema de água potável. É uma demanda que vem de lá e a gente está tentando atender aos poucos. Já iniciamos as discussões nas comunidades” - explica.
Famílias contempladas
Ao todo, 225 famílias foram selecionadas pelas lideranças comunitárias para receber o sistema de captação. Os critérios de escolha incluem: famílias com renda de até meio salário mínimo per capita residentes na zona rural do município e sem acesso à água potável, famílias em situação de extrema pobreza, com perfil Bolsa Família, chefiadas por mulheres, com maior número de crianças de 0 a 6 anos, com maior número de crianças em idade escolar; com pessoas portadoras de necessidades especiais e chefiadas por idosos.
Para o presidente do conselho comunitário de Correio do Tapará, João Mário: “é um momento histórico pras comunidades porque dificilmente esse sistema chega as comunidades. A gente vê que sai do papel.
Encontros entre comunitários e consultores já estão ocorrendo desde maio/2018, quando foi feita a assinatura do programa que faz parte da chamada publica do governo federal por meio do Ministério do Desenvolvimento Social do Programa Nacional 'Cisterna' de apoio a capacitação de água da chuva e outras tecnologias sociais de aceso a água.
| Por Ascom Sapopema/Samela Bonfim