"Dificuldade de peixe" diz pescador sobre pressão pesqueira em Ituqui

Invasão nos lagos tem preocupado moradores que pescam para subsistência e sustento da família nas comunidades de Ituqui. Reunião do Conselho nesta quarta (12) contou com a participação de lideranças e parceiros na luta pela defesa doa recursos pesqueiros

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Em mais de cinquenta anos como pescador, Erbeson Campos de Almeida disse estar decepcionado com a invasão feita nos lagos da região que ele e a família retiram o sustento com responsabilidade: "nós estamos nos  sentido humilhados porque quando eles vem não é um pescador, vem 10/15 rabeteiros. Como que um pescador vai chegar lá e mandar eles irem embora?" questiona sobre a falta de fiscalização dos órgãos de proteção ao meio ambiente.

As invasões sao recorrentes na maioria das comunidades de várzea do Baixo Amazonas. Pescadores oriundos de outras regiões formam grupos e entram com instrumentos proibidos em áreas com acordos de pesca definidos, ou protegidos por lei. O resultado da pesca discriminada é a extinção de algumas espécies nas áreas afetadas. "nós estamos ficando com dificuldade de peixe porque a gente não tem mais como proibir os infratores. Tem placa nos igarapés. Mas estão educando os pescadores a entrar porque quando não tinha as placas os pescadores não entravam" - explica Almeida sobre a recente instalação de placas na margem dos rios, as proximidades da entrada dos lagos. As placas que proíbem a entrada de rabetas no lago acabam atraindo a atenção e indicando a presença de peixes.

Escassez tem sido uma realidade na vida dos moradores. Peixes estão cada vez menores e em menor quantidade.

Escassez tem sido uma realidade na vida dos moradores. Peixes estão cada vez menores e em menor quantidade.

A preocupação dos pescadores se intensifica a partir dos próximos dias. É que está chegando o período da reprodução das espécies que a partir de 1 de outubro passam a integrar a lista de proibição determinada na portaria do defeso na região do Ituqui. Neste período, espécies como Tambaqui não podem ser retiradas do lago. Desta forma, também está suspensa a entrada de rabeta, uso de malhadeiras e presença de caixas de madeira no lago - que armazenam muito pescado, já que a pescaria não pode ultrapassar 5 kg (para alimentação das famílias).

O pedido de apoio aos órgãos de defesa do meio ambiente é uma luta antiga. 
"Tô cansado de ir atrás" disse o presidente do conselho comunitário de Ituqui seu Carlão. Ele comentou que há protocolou diversos documentos nos órgãos estaduais, porém continua sem resposta. “Tem documentação que já está a mais ministério de 8 meses no MP. Não tivemos solução nenhuma”.

O diretor de meio ambiente e organização Social da Colônia de Pescadores Z-20 Ednaldo rocha destacou que: "já foi feito todo um processo e não temos resposta. A partir daqui a gente tem o encaminhamento para que a gente vá a esses órgãos para que possa ter essa resposta pra região seguir nesse trabalho do meio ambiente" - finaliza.

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Participaram da reunião as Comunidades Aracampina, Fé em Deus, Santana,  Conceição, Nossa senhora de Lourdes, São Benedito, Sao José, São Raimundo, Vila Marques e Nova Vista. Além de representantes da Colônia de pescadores Z-20, Sapopema, Acs, Associação e Pastoral Social.

Wandicleia Lopes - consultora da Sapopema reforçou a importância de momentos como este: "A reunião dos conselhos regional do Ituqui é um espaço de fortalecimento e unificação da luta dos Pescadores Artesanais. Hoje foram identificados pautas que ainda necessitam serem reivindicada junto aos órgãos públicos,  de modo especial no que se refere a fiscalização.  Além de, ser um momento de socialização de iniciativas em defesa do recurso pesqueiro, como é o caso da Comunidade de São Benedito que decidiram suspender a pesca no Lago do Mungunbinha e Mungubão. Essa é uma demonstração concreta da preocupação que os pecadores artesanais possuem com o ecossistema de várzea" - conclui.

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