Capacitação para beneficiamento do pirarucu é realizada na várzea no Oeste do Estado
/Pescadores de Santa Maria do Tapará, Tapará Miri, Tapará Grande e Costa do Tapará em Santarém participaram nesta quarta-feira (13) do curso que possibilitou conhecimento de novas práticas para o melhor aproveitamento do pescado;
Comercializar o pirarucu de manejo está longe de ser uma atividade estritamente ligada à captura do maior peixe de água doce do planeta. A preocupação dos pescadores inicia com a conservação dos lagos através de vigilância, obediência ao período do defeso e combate à pesca predatória. Além desse trabalho, os comunitários de regiões como o Tapará, se preocupam também com a manipulação do produto, formas de corte e higiene pensando no valor agregado do peixe oriundo de conservação.
Em estratégia de valorização da cadeia produtiva sustentável do pirarucu, surgiu em 2018 uma parceria entre a Sociedade Para Pesquisa e Proteção do Meio Ambiente – Sapopema e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae para capacitar os moradores das comunidades que manejam o pirarucu no PAE Tapará.
A iniciativa começou com capacitações voltadas ao empreendedorismo, rodadas de negócio, oficinas de manejo e nesta nova fase, cursos para o beneficiamento com técnicas de filetagem da espécie. Na quarta-feira (13/11), os pescadores das quatro comunidades receberam orientações teóricas e práticas sobre como preservar a pele do peixe seguindo procedimentos padrões para fornecimento ao mercado consumidor através da parceria com o professor do Instituto Federal do Oeste do Pará, Roger Pozzer que ministrou oficina prática e teórica.
Segundo a bióloga da Sapopema que realiza o assessoramento nas comunidades – Poliane Batista, o curso também reforçou a importância de manter os espaços higienizados para ter um produto com qualidade e maior durabilidade. Participaram da capacitação mais de 20 pescadores.
"Essa etapa agora objetiva um alcance maior no mercado e criação de novos produtos. Esse curso de filetagem vem para que os pescadores possam ter um produto diferenciado do que que eles costumam vender. Eles costumam vender só a manta, então agregando valor, fazendo novos cortes eles terão a possibilidade de agregar um maior valor no pirarucu e ter um faturamento maior. Possibilitando participarem da chamada pública da prefeitura Municipal de Santarém que tem interesse em conseguir inserir o pirarucu no cardápio escolar" - destacou o gerente regional do Sebrae, Michell Martins.
O sistema de manejo comunitário de pirarucu tem um processo histórico de pesquisas e experiências consolidadas na Amazônia e esse processo da estratégia tem um ponto de referência que é a experiência do Instituto Mamirauá no município de Tefé no Amazonas. “Em Santarém estamos trabalhando com cinco comunidades que estão desenvolvendo experiências de manejo comunitário do pirarucu na região do Tapará: Santa Maria, Pixuna, Tapará Miri, Costa do Tapará e Tapará Grande. São mais de 200 pescadores envolvidos diretamente com a pesca manejada. Esse processo tem contribuído para melhorar a rentabilidade da atividade e a qualidade de vida dos pescadores na região” – explicou o coordenador da Sapopema, Antonio José Bentes.
A estimativa de produção do pirarucu em 2019 é de aproximadamente 20 toneladas em quatro comunidades do PAE Tapará. Essa produção representa 15% da demanda de pirarucu do mercado consumidor de Santarém que é bastante significativo.
São princípios do manejo: respeito ao tamanho mínimo de captura (um metro e meio), obediência às normas do seguro defeso (suspensão no período de 01 de dezembro a 31 de maio), captura durante as safras de cada ano não podem ultrapassar 30% da contagem dos pirarucus adultos.