Comunidades de Alenquer se organizam para pesca coletiva do pirarucu
/Reunião realizada nesta semana no município ximango, no Oeste do Pará entre pescadores, Colônia de Pescadores Z-28, Semma e Sapopema representou uma importante fase de planejamento das ações voltadas à conservação da espécie;
Lideranças de Ilha do Carmo e Urucurituba se encontraram em Alenquer para discutir o processo de manejo do maior peixe de água doce do mundo. O pirarucu é uma importante fonte de renda sustentável para os pescadores que sobrevivem da atividade pesqueira com respeito ao meio ambiente.
No encontro, Sapopema, Colônia de Pescadores Z-28, Semma e lideranças de Ilha do Carmo e Urucurituba definiram o calendário das atividades do manejo do pirarucu com escolha de datas para pescaria coletiva, monitoramento nos lagos, comercialização e contagem.
A pesca do pirarucu nas comunidades Urucurituba e Ilha do Carmo é um marco importante na atividade de conservação, já que é a primeira vez que pescadores farão a retirada da espécie dos lagos de Urucurituba. Em Ilha do Carmo a última pescaria foi realizada em 2014, contou a bióloga da Sapopema, Poliane Batista. A paralização da pesca foi uma decisão coletiva visando o crescimento populacional de pirarucus em defesa da conservação da espécie. Entretanto durante o ano, mesmo sem capturar o peixe, os pescadores se revezaram nas fiscalizações e realização de contagens.
A pesca coletiva estabelece um percentual de captura de 30% de pirarucus adultos, estimando 59 peixes para Ilha do Carmo e 23 para Urucurituba no mês de novembro. A cota é baseada no relatório de contagem realizado anualmente nas comunidades. Veja abaixo:
Ilha do Carmo
Em 2018 foram contados seis ambientes aquáticos na comunidade de Ilha do Carmo nos dias 01 e 02 de dezembro. Foram contabilizados um total de 399 pirarucus, sendo que destes 203 (50,9%) são juvenis e 196 (49,1%) são adultos. Entretanto, no lago Baixa Grande, incluídos na proposta de acordo de pesca local, não foram visualizados pirarucus.
As contagens realizadas em 2017 registraram um total de 117 pirarucus, sendo 63 juvenis e 54 adultos. Quando comparados com dos dados de 2018 é perceptível o aumento de mais de 200% na quantidade de juvenis. Em relação aos adultos, houve aumento de 263%. A população de pirarucus na comunidade Ilha do Carmo aumentou cerca de 241%. Um dos fatores que podem ter favorecido foi o estabelecimento de acordo de pesca que restringiu a pesca no lago do Papucú, Seringal e Baixa Grande. Além disso, houve a organização comunitária para contagem. Participaram cerca de 18 pessoas, sendo que a maioria envolvida diretamente com a contagem. Além disso, a equipe técnica acompanhou de perto os 2 dias de contagem, orientando como a atividade deveria ser executada corretamente.
Urucurituba
Em 2018 foram contabilizados 150 pirarucus no Lago do Triste, sendo 72 (48 %) são juvenis e 78 (52%) são adultos. Em 2017 foram contados 91 pirarucus, sendo 22 juvenis e 69 adultos. Quando comparados com dos dados de 2018, percebemos aumento de 28% no total de pirarucus contabilizados, aumento em 14% na quantidade de juvenis e aumento de 33% em relação aos adultos. Um dos fatores que podem ter influenciado no aumento se deve ao cumprimento do acordo de pesca, visto que restringe atividade de pesca na bacia do lago e igarapés desde 2016. Assim alguns espécimes podem retornar ao lago durante vazante, sem ter ameaça de pesca.
Métodos utilizados
Os pescadores dividem cada lago a critério individual em áreas de distintos tamanhos atingindo no máximo 2 hectares com base no grau de dificuldade percebido para observar e escutar a boiada do pirarucu. Cada pescador conta o número de pirarucus em uma unidade de área durante um intervalo de 20 minutos. Após terminada a contagem em uma área, o pescador desloca-se para outra área, conta os pirarucus desta outra área, e assim por diante até que toda área do lago tenha sido contada. Desta forma, as contagens de pirarucu produzem censos populacionais. Somente pirarucus maiores de 1 metro são contados, pois é impossível contar indivíduos menores com acurácia. Os indivíduos contados são classificados em duas categorias, juvenis (1-1,5 m) e adultos (>1,5 m). Os pescadores devem fazer as contagens da forma mais silenciosa possível para evitar que o comportamento do pirarucu seja afetado e assim assegurar a acurácia das contagens.