Pescadores iniciam contagens de pirarucu em lagos de Santarém e Alenquer 

Desde de novembro, manejadores da espécie estão realizando procedimento de contagem para avaliar potencial de pesca para 2021. Contagens devem finalizar em fevereiro;

No manejo sustentável do pirarucu, todos os anos, durante o período de águas baixas, os pescadores realizam contagens de pirarucus para avaliar os estoques pesqueiros e  calcular a cota de captura de 30% a partir do resultado das contagens de pirarucus adultos, preservando os 70% restantes, como forma de assegurar a reprodução para fins de manutenção do seu estoque de forma sustentável. Os números servem também para indicar avanços da conservação e apontar estratégias para promover a renda dos pescadores.

Pescador registrando número de pirarucus em Santa Maria do Tapará. Foto: Poliane Batista/Sapopema.

Pescador registrando número de pirarucus em Santa Maria do Tapará. Foto: Poliane Batista/Sapopema.

Em Santarém e Alenquer, seis comunidades promovem o manejo da espécie com assessoria técnica promovida pela Sapopema. Até agora, as comunidades Costa do Tapará, Pixuna, Santa Maria (Santarém) e Ilha do Carmo (Alenquer) contabilizaram 2.068 indivíduos, sendo 1090 juvenis (chamados localmente de bodecos) e 980 adultos.

Os procedimentos utilizados para contagem de pirarucus seguem o método de Castello (2004), onde os pescadores demonstram sua habilidade de contar quando observam e escutam a boiada do pirarucu no momento em que ele vem à superfície da água realizar a sua respiração aérea. Segundo a bióloga da Sapopema, Poliane Batista, cada pescador conta quantos pirarucus observou em uma unidade de área durante um intervalo de 20 minutos. Somente pirarucus maiores de 1 metro são contados, sendo classificados em duas categorias: juvenis (bodecos) (1-1,5 m) e adultos (>1,5 m). Os pescadores devem fazer as contagens de forma silenciosa para assegurar a acurácia das contagens e evitar que o comportamento do pirarucu seja alterado.

Para chegar ao lago, manejadores precisam carregar canoas e bajaras.

Para chegar ao lago, manejadores precisam carregar canoas e bajaras.

“Já faz mais de vinte anos que essas comunidades desenvolvem manejo do pirarucu que envolve todo um esforço comunitário a partir de um processo de organização e sistema de vigilância dos lagos, e um trabalho de contagem para monitoramento do estoque, conservação e estabelecimento da cota” - contou o coordenador da Sapopema, Antônio José Bentes.

Nessas comunidades que desenvolvem o manejo,  além do cumprimento das regras de tamanho mínimo captura (1,5m) e período de defeso (IN 34/2004) estabelecidas pelo – IBAMA, os pescadores definem em seus territórios acordos de pesca que normatizam as regras válidas que restringem ainda mais o uso do recurso. Baseados nesses acordos, eles realizam vigilância dos ambientes aquáticos contra ação de invasores.

O esforço dos comunitários para o manejo sustentável compreende diversas etapas, como a organização comunitária, respeito à legislação e estabelecimento de acordos de pesca, vigilância dos lagos, contagens, pesca sustentável e comercialização da produção. A iniciativa exige uma dedicação enorme, e muitas vezes o pescador não é devidamente valorizado.

Histórico de contagens dos pirarucus

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Pixuna, Santa Maria, Tapará Miri e Ilha do Carmo são as comunidades que desenvolvem contagens de pirarucu com assessoria da SAPOPEMA há mais tempo, desde 2012. Em 2014 a comunidade de Urucurituba iniciou esse trabalho, e posteriormente, em 2018, a comunidade de Costa do Tapará (que trabalha juntamente com Tapará Grande).

Entre 2012 e 2019, as comunidades de Tapará Miri, Santa Maria e Pixuna apresentaram aumento de 145 % no número de pirarucus nos respectivos lagos. No mesmo período, Ilha do Carmo demonstrou aumento de 70 %. Na comunidade de Urucurituba, as contagens indicaram aumento de 83% no número de pirarucus no lago do Sinezil, único contado na comunidade entre 2014 e 2019.

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