Estudantes do PAE Tapará recebem devolutiva das coletas de pesca do Projeto Ciência Cidadã
/Cientistas cidadãos realizaram as primeiras coletas do período de julho a setembro de 2021. Dados foram entregues aos estudantes em banners, com gráficos e explicações do que representam as informações;
Equipe da Sapopema, Mopebam e PSA realizou na última quinta-feira (11), visita de acompanhamento às comunidades Pixuna do Tapará, Santa Maria, Tapará Grande, Costa do Tapará e Tapará Miri na região do Projeto de Assentamento Agroextrativista do Tapará.
Durante a ação, foram realizadas atividades de orientação técnica para o uso do aplicativo e apresentação dos dados para os alunos e profissionais da educação das escolas. Nos três meses, juntos, os estudantes das cinco comunidades registraram 214 listas de pesca, 2.203 peixes e mais de 3.300 quilos de pescado.
A dinâmica de devolução a cada três meses é importante para socializar resultados parciais da pesquisa e promover debates socioambientais sobre a dinâmica da pesca nos territórios pesqueiros que promovem o manejo do pirarucu. "Com esse trabalho a gente está vendo esses resultados, e tendo essa devolutiva é muito melhor ainda porque nós vamos fazer esse acompanhamento nos gráficos" - comentou a professora Idelvania Cardoso de Tapará Miri.
Para a diretora das escolas de Pixuna, Tapará Miri e Santa Maria, o projeto representa um incentivo para a produção de conhecimento e continuidade dos estudos aos alunos, conta: "são filhos de pescador hoje e amanhã pode se tornar um cientista, nato da terra" - Raimunda Nonata.
O Projeto Ciência Cidadã para a Amazônia é uma rede de organizações que colaboram para empoderar cidadãos e gerar conhecimento sobre os peixes e ecossistemas aquáticos da Bacia Amazônica: o maior sistema de água doce do mundo. Oferece uma oportunidade para geração de informações sobre peixes e águas na escala amazônica e para envolver os cidadãos como atores informados e capacitados para o manejo sustentável da pesca e a conservação das zonas úmidas amazônicas.
Na região do Tapajós e Amazonas, é implementado pela Sapopema nas comunidades de várzea e pelo Mopebam nas comunidades do Tapajós, com parceria da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Projeto Saúde e Alegria, Semed e apoio da WCS e TNC.
O projeto está inserido em um contexto de educação ambiental onde se utiliza a abordagem participativa, com base na proposta pedagógica de Paulo Freire, no qual um de seus maiores desafios é a valorização dos conhecimentos tradicionais e a produção de conhecimentos científicos, formando cidadãos atentos aos problemas socioambientais e capazes de interferir nas decisões da sociedade, explica a professora da Ufopa e coordenadora local do projeto, Socorro Pena: “eu me encontro com Paulo Freire na experiência da rede Ciência Cidadã, no projeto Ictio junto às escolas das comunidades de várzea” - ressalta.
Dentre as espécies mais registradas, foram identificadas: Mylossoma sp. (pacu), Triportheus sp. (sardinha), Zungaro zungaro (jaú), Semaprochilodus insignis (Jaraqui), Hypophthalmus marginatus (mapará), Prochilodus nigricans (curimata), Brycon sp.(matrinxã), Pseudoplatystoma tigrinum (caparari), Anostomidae sp. (aracu), Mylossoma albiscopum (pacu), Brachyplatystoma platynemum (babão/barba-chata), Pseudoplatystoma sp. (surubim), Brachyplatystoma vaillantii (piramutaba), Brachyplatystoma rousseauxii (dourada), Piaractus brachypomus (pirapitinga), Colossoma macropomum (tambaqui), Arapaima sp. (pirarucu), Pseudoplatystoma fasciatum (cachara/surubim/pintado).
“Quem deras se fosse na nossa época, que não existia essa tecnologia. E hoje é muito importante trazer a comunidade esse incentivo para os alunos, esse conhecimento” - destacou um dos coordenadores do Mopebam, Ednaldo Rocha.