Seminário debate os impactos da poluição mercurial na bacia do Tapajós
/Evento online será realizado nos dias 01 e 02 de junho e integra a programação da Semana do Meio Ambiente (01 a 05 de junho de 2021) do Fórum Nacional em Defesa da Amazônia. Inscrições estão abertas;
O mercúrio (Hg) é considerado um dos metais pesados mais perigosos para o ambiente e para a saúde humana devido à sua alta toxidade. O ecossistema amazônico possui altas concentrações de mercúrio por conta da ação de garimpos, desmatamentos, incêndios florestais, exploração madeireira, mudança no uso da terra e instalação de usinas hidrelétricas. Como consequência, a contaminação mercurial pode causar uma variedade de efeitos tóxicos adversos para a saúde humana, afetando diferentes órgãos e impactando a economia de populações tradicionais.
Para discutir esses impactos e mobilizar a sociedade para a construção de propostas de políticas públicas para região, em especial para as populações tradicionais, será realizado o Seminário Virtual “Mercúrio na bacia do Tapajós: impactos na saúde e na economia das populações tradicionais” que reúne a participação de diferentes instituições da sociedade civil: Caetano Scannavino (Projeto Saúde e Alegria), Antônio José Bentes (SAPOPEMA), Darcilene Godinho (GDA), Professora Dra. Heloisa Nascimento (UFOPA), Prof. Dr. Paulo Basta (Fiocruz), Dr. Erik Jennings, Karo Munduruku – representante indígena, Luiz Vinhote “Lulu” (MOPEBAM), Gracivane Rodrigues (STTR- SANTARÉM), Paulo de Tarso (MPF), Ione Nakamura (MPPA), Airton Faleiro (Deputado Federal) e Sérgio Leitão (Instituto Escolhas).
“O enfrentamento da problemática da contaminação mercurial da Bacia do Tapajós pela sociedade civil organizada e movimentos sociais, é uma discussão urgente, necessária e inadiável. A realização deste seminário para discussão dessa temática nos dias 01 e 02/06, com especialistas, lideranças das comunidades da região, entidades da Sociedade Civil e Movimentos Sociais, será fundamental para o nivelamento de informações, retomada deste processo que temos discutido desde a década de 1990 e pensar em ações mitigadoras. Estamos diante de uma situação grave de contaminação mercurial da Bacia do Tapajós e de exposição da saúde humana a esta problemática. A realização do seminário é um esforço de várias entidades parceiras e será um momento especial para que os participantes tenham contato com esta situação e ajude nos encaminhamentos de ações para o enfrentamento desse problema na região” - esclareceu Antônio José Bentes, da coordenação da Sapopema.
Para o coordenador do Projeto Saúde Alegria, Caetano Scannavino é entender como ocorre a contaminação para entender seus reflexos nas comunidades: “Até que ponto as populações convivem com alto nível de mercúrio no corpo e permanecem assintomáticas? Às vezes uma criança vai mal na escola e sofre bullying e na verdade é algum sintoma em função de níveis de mercúrio. Até que ponto os casos de problemas na perna de crianças e paralisia pode ser mercúrio ou pode ser vacina, pois, o lugar tem a pior cobertura vacinal” - ressalta.
O evento é uma realização da Sapopema, Mopebam, Projeto Saúde e Alegria, Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras de Santarém, Universidade Federal do Oeste do Pará, Lepimol/Ufopa, Conselho Pastoral dos Pescadores, WWF, Fórum Nacional Permanente em Defesa da Amazônia, Grupo de Defesa da Amazônia, Conselho Indígena Tapajós Arapiuns e Pastoral Social.
As inscrições serão feitas até o dia 31/05 neste link. Os inscritos receberão o link de acesso duas horas antes do evento. Serão concedidos certificados de participação aos inscritos que preencherem o formulário durante o evento que será realizado em duas tardes. Confira a programação abaixo com temas, participantes e horários.
Impactos do mercúrio
Na saúde, os sintomas e efeitos da exposição ao mercúrio são inúmeros e vão desde a simples perda de sensibilidade nas extremidades dos pés e das mãos, até a perda parcial da visão e total da audição. Alguns exemplos de sintomas decorrentes da exposição mercurial são o retardo no crescimento, na fala, no andar e no desenvolvimento intelectual, deficiência de concentração, insanidade, distúrbios visuais e cegueira, alucinações, tremores, fraqueza muscular, ataxia, paralisia, coma, depressão, dispneia, hipertensão, taquicardia, perda de audição, de memória e de sensibilidade, gastroenterite, pneumonia e morte.
Segundo a professora da Ufopa Heloisa Nascimento que desenvolve pesquisa na região, alguns resultados na Bacia do Tapajós se mostraram muito preocupantes:
73,5% dos participantes apresentaram níveis de mercúrio acima do recomendado pela OMS, com um nível médio de mercúrio de 48,5ug/L.
18 participantes de comunidades ribeirinhas do Rio Tapajós, apresentaram níveis de mercúrio acima de 300ug/L.
A maioria dos participantes expostos tem idade entre 41 e 60 anos.
A maioria dos participantes expostos são do sexo feminino, no entanto, os níveis mais altos são encontrados nos homens.
A maioria dos participantes tem até 12 anos de estudo (educação básica);
A maioria dos participantes relatou consumo diário ou frequente de peixe e nestes grupos as médias de mercúrio foram acima do recomendado pela OMS.
Alguns dos sintomas relatados entre os participantes expostos podem ser os primeiros sinais dos efeitos da exposição mercurial.