Manejadores iniciam pesca coletiva para 3ª Feira do Pirarucu de Santarém 

Comunidades Santa Maria, Costa do Tapará e Tapará Grande se preparam para fornecer pirarucu direto ao consumidor no próximo sábado (12/11), na Praça São Sebastião

Tem que ser no ombro, mais de dois mil metros de distância do lago até chegar na beira, no período do verão”, explica o pescador Odirlei Almeida de Santa Maria do Tapará sobre a dificuldade para transportar os peixes que pesam em média, 80 quilos. O Conselheiro Fiscal da Associação Santa Maria do Tapará, conta ainda que a pesca coletiva do pirarucu, envolve um grande esforço comunitário, que inicia cerca de doze dias antes do evento acontecer. Os lagos manejados ficam a cerca de dois quilômetros de distância da margem das comunidades, e chegar até lá, demanda participação ativa dos moradores que carregam botes para usar nos lagos e demais apetrechos de pesca. “É difícil. A gente transporta as canoas até o lago, leva o arpão, ajeita os arreios para pescar a noite que é mais fácil. O transporte do peixe é pesado, não temos um transporte adequado”, relata.

Santa Maria do Tapará iniciou o manejo comunitário há mais de duas décadas. Em vinte anos, viu o estoque aumentar consideravelmente, saindo do cenário de quase extinção, para o sucesso de uma experiência comunitária de conservação. “O manejo é muito importante para conscientizar as populações para que a gente tenha futuramente uma renda familiar melhor para as nossas famílias, cuidando do meio ambiente”, ressalta Almeida. 

Ao longo do ano, os pescadores desenvolvem todas as etapas do manejo comunitário. “Essas comunidades respeitam legislação, tamanho mínimo de captura, período do defeso, e além disso, tem regras internas para garantir ainda mais a preservação de ambientes das comunidades. Fazem vigilância nos lagos, para evitar práticas de pesca ilegal. Fazem a contagem anual para ter uma estimativa para saber quantos peixes tem na comunidade”, esclarece a bióloga da Sapopema, Poliane Batista, que promove assistência técnica nos territórios do PAE Tapará. 

Neste ano, Santa Maria do Tapará pretende investir o lucro arrecadado na construção de uma estrutura coletiva, explica a Secretária da Associação Natalina Almeida: “vamos construir um barracão comunitário”, considera. 

Cada comunidade define a melhor estratégia para a captura do pescado. Manejadores de Santa Maria pescam durante a noite. Apesar de uma atividade extremamente cansativa, é momento de comemoração. “A pesca é uma das etapas mais esperadas para as comunidades que fazem o manejo comunitário do pirarucu, que é quando os pescadores visualizam o retorno de todo o esforço. A feira é uma oportunidade muito importante para os pescadores terem esse retorno para a renda individual dos pescadores, quanto para investir em estruturas coletivas para a comunidade”, frisa Batista. 

3ª Edição da Feira do Pirarucu em Santarém

Realizada em 12/11 na Praça São Sebastião, a Feira será a última oportunidade para comprar o peixe fresco de manejo da região, antes do período do defeso. O evento é realizado pelos pescadores e pescadoras das referidas comunidades com parceria da Sapopema, Sebrae e Colônia de Pescadores Z-20, Semap, Ufopa, Sedap, IFPA e apoio da TNC. 

A intenção é oportunizar meios para escoação do pirarucu produzido na região no próprio município de origem, de forma a gerar renda para as populações tradicionais e promover o entendimento do esforço que comunitários dedicam para garantir o futuro da espécie.

Serão comercializados diferentes cortes do pirarucu, que vão desde a miudeza, ventrecha, cortes da manta, dentre outros. Ao longo do ano, pescadores participam de capacitações para o manejo comunitário, assessorados pela Sapopema, e de formações para manipulação adequada, cursos de atendimento ao consumidor e de gestão dos negócios, ressalta a analista do Sebrae, Poliana Lages: “Essa Feira é aguardada com muita expectativa pois a cada edição é um sucesso de vendas e repercute no faturamento desses pescadores. O Sebrae apoia essa iniciativa trazendo cursos de manipulação de alimentos, oficinas para controles financeiros e de atendimento ao cliente para fazer desta feira um evento de sucesso”. 

Com a meta de fornecer peixes diretamente aos consumidores de Santarém, a atividade valoriza o esforço comunitários que se dedicam à conservação da espécie. “O evento reúne diferentes instituições em prol da sustentabilidade do manejo do pirarucu na região de várzea. Isso é muito importante porque mostra a consciência ambiental das comunidades ribeirinhas, bem como o fornecimento dessa carne nobre tão importante para a economia do nosso município”, conta o Secretário Municipal de Agricultura e Pesca, Bruno Costa. 

Na terceira edição da feira, que se tornou um momento importante para aproximar o manejador da sociedade, os consumidores poderão conhecer mais sobre a prática do manejo comunitário e garantir peixe fresco, de ambiente natural, com a certeza de que o produto tem origem sustentável. 

Serviço

O quê? III Feira do Pirarucu de Manejo do Pará

Quando? 12 de novembro de 2022 a partir das 7h00

Onde? Praça São Sebastião (Barão de Santarém)