Estudantes completam um ano de monitoramento de peixes nas bacias do Tapajós e Amazonas
/Estudantes das escolas das comunidades Pixuna, Santa Maria, Tapará Miri, Tapará Grande, Costa do Tapará, Aracampina, Solimões, Parauá e Suruacá, São Luiz do Tapajós (Itaituba) e Cametá (Aveiro) foram certificados pelo desempenho nas atividades
Noventa e oito estudantes das regiões de Santarém, Itaituba e Aveiro, região Oeste do Pará, comemoram resultados das coletas através do aplicativo ictio do Projeto Ciência Cidadã para a Amazônia. Juntas, as comunidades realizaram 1.777 registros no aplicativo, identificando as espécies mais capturadas, quantidade e número de peixes. A cada nova pescaria, os estudantes que são filhos de pescadores, registram também fotos dos peixes. Esses registros fotográficos estão disponíveis neste link.
Os primeiros registros foram feitos em julho de 2021. Nos dias 01 e 09 de junho de 2022, estudantes e professores integrantes da experiência receberam certificados de participação no projeto. “Essa é uma forma de valorizar o esforço dos jovens e educadores que participaram dessa fase da iniciativa e estimulá-los à produção de conhecimento científico” - contou Samela Bonfim, da Sapopema.
A cada três meses, cada grupo recebe devolutivas com a sistematização dos dados por comunidade. Nos banners entregues aos estudantes, os resultados das coletas demonstram o número de registros, espécies mais capturadas e quantidades. “A devolutiva dos dados para as comunidades, é um compromisso assumido pelos parceiros envolvidos no projeto, pois acreditamos na importância do empoderamento e do envolvimento dessas populações, que elas se enxerguem nesse processo de produção do conhecimento” - destacou a engenheira de pesca do Mopebam, Elizabete Matos.
Em maio, quando foi realizado o Intercâmbio de Ciência Cidadã das escolas, os alunos puderam apresentar suas coletas e acompanhar as diferenças de cada região e as dinâmicas de pesca. Para a estudante Júlia Vitória, da comunidade Tapará Miri de Santarém, o momento foi marcado por trocas: “A gente se depara com uma realidade totalmente diferente, principalmente em relação à captura do peixe. Foi muito bom ter esse contato, com diferentes culturas. No Tapajós os pescadores usam a flecha para pescar e não utilizam malhadeiras, e nós utilizamos muito mais as malhadeiras” - contou.
O Projeto Ciência Cidadã para a Amazônia é uma rede de organizações que colaboram para empoderar cidadãos e gerar conhecimento sobre os peixes e ecossistemas aquáticos da Bacia Amazônica: o maior sistema de água doce do mundo. Oferece uma oportunidade para geração de informações sobre peixes e águas na escala amazônica e para envolver os cidadãos como atores informados e capacitados para o manejo sustentável da pesca e a conservação das zonas úmidas amazônicas.
A iniciativa tem sido bem avaliada pela coordenação que projeta a incorporação da metodologia como política pública, ampliando a inovação para novas escolas ribeirinhas, explicou a coordenadora do projeto e professora da Ufopa, Socorro Pena: “A nossa expectativa é que essa experiência seja incorporada como uma política pública. Que os governos possam entender que esse é um instrumento importante de educação ambiental e ele vai nos proporcionar, jovens e adultos mais conscientes de seu papel, principalmente nos seus territórios”.
A iniciativa é coordenada pela Sapopema e Mopebam, com parceria do Projeto Saúde e Alegria e Semed e apoio da WCS e TNC.