Curso capacita moradores para monitoria e manejo de Quelônios Aquáticos em Coroca, Rio Arapiuns

Capacitação realizada pelo Ibama e Sapopema visa potencializar a conservação de Tracajás, pitiús e tartarugas da Amazônia na região do Arapiuns e Lago Grande

A destruição dos habitats de quelônios, predação humana e uso descontrolado têm ocasionado a diminuição dos estoques de tracajás, pitiús e tartarugas da Amazônia. Visando a recuperação das populações das espécies mais representativas da região, o Ibama e a Sapopema se uniram para capacitar comunidades para administrar e participar dos processos de gestão dessas espécies.

A comunidade Coroca, localizada na região do Rio Arapiuns (Pae Lago Grande), realiza o manejo e a conservação de quelônios, aliados ao Turismo de Base Comunitária (TBC). Os visitantes que vão até a comunidade podem observar e fotografar os animais que são cuidados pelos comunitários. A observação e preservação da espécie, que já esteve ameaçada de extinção, é uma das apostas do local que desponta como alternativa de geração sustentável no TBC. 

No período entre 17 e 21 de julho, moradores participaram do curso de Curso de Capacitação em Monitoria e Manejo de Quelônios Aquáticos Amazônicos, realizado pela parceria entre IBAMA e Sapopema. Com objetivo de envolver as comunidades no manejo e monitoramento de quelônios aquáticos, conforme protocolos do Programa Quelônios da Amazônia, os participantes puderam aprender na prática, como atender às diretrizes estabelecidas no Plano de Ação Nacional de conservação de quelônios amazônicos. 

“Abordamos conteúdos relacionados às legislações ambientais, com foco nas espécies silvestres, manejo de recursos pesqueiros e aplicação dos protocolos básicos de coleta de dados do Programa Quelônios nas Águas e a parte de ecologia e biologia das espécies”, explicou o analista ambiental do IBAMA, Raphael Fonseca. 

A formação foi uma demanda apresentada à Sapopema pelas comunidades locais, que buscam formas de conservar tracajás, pitiús e tartarugas da Amazônia. “Durante esses dias de formação, eles puderam obter conhecimento para a conservação dos quelônios em ambiente natural. Práticas que eles podem replicar nas suas comunidades”, ressaltou a bióloga da Sapopema, responsável pelo projeto, Poliane Batista. 

O manejo dos animais ganhou novas técnicas a partir dos módulos práticos, que contemplaram, por exemplo, a transferência de ovos para protegê-los dos predadores e biometria das espécies. “Técnicas de manejo que viabilizem a conservação dessa espécie que dependem de ações de conservação para não entrarem em lista de ameaçadas de extinção”, acrescentou a analista ambiental do Ibama, Edelin Ribas. 

Olivaldo dos Santos, liderança na comunidade de Coroca, participou do curso e destacou a importância da atividade: “Agrega ao nosso conhecimento para nos dar mais segurança em relação ao trabalho que a gente desenvolve aqui. Foi muito valioso esse curso e daqui pra frente a gente vai ter muito mais segurança pra falar ao visitante”.

O conhecimento adquirido no curso será disseminado para outras comunidades que desejam ampliar a rede de conservação. Cristina Pinto, da comunidade de São José, região do Arapiuns, falou sobre o sentimento de pertencimento em defesa dos quelônios e que pretende propagar os princípios: “manejar e cuidar". Nós pescadores e pescadoras estamos nessa luta junto com Sapopema e IBAMA”.

A formação é uma das atividades previstas no plano de trabalho das ações do Projeto Águas do Tapajós da TNC.

Fotos: Poliane Batista/Sapopema.