Pesquisadores analisam qualidade da água em lago da comunidade Igarapé do Costa
/A seca severa de 2024 na região Oeste do Pará levou à redução histórica dos níveis dos rios e afetou diretamente os peixes em diversos lagos. Em comunidades que realizam o manejo desses ambientes aquáticos, a preocupação se intensificou, motivando a busca por suporte técnico-científico para avaliar os impactos da estiagem
Pesquisadores do Instituto de Ciências e Tecnologias das Águas (ICTA) da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) e da Sapopema realizaram coletas de amostras de água e de variáveis ambientais em lagos da comunidade Igarapé do Costa, além de levantamento de informações quanto às percepções dos pescadores e pescadoras da região dos impactos das mudanças climáticas. O objetivo é avaliar mais de 30 parâmetros físico-químicos e biológicos para embasar ações de mitigação dos efeitos da seca.
A consultora técnica da Sapopema, Ericleia Marinho, destacou que a atividade foi solicitada pela comunidade após a mortandade de peixes ocorrida em 2024. "A comunidade entrou em contato conosco e solicitou apoio para entender melhor o que aconteceu", explicou. O trabalho foi realizado em parceria com a Ufopa, The Nature Conservancy (TNC), Mopebam e colônias de pescadores.
Os pesquisadores também buscaram compreender a percepção da comunidade sobre as mudanças climáticas e suas estratégias de adaptação. "Nosso trabalho é documentar isso, porque esses dados também vão contribuir para a análise limnológica que será realizada pela Ufopa", acrescentou Marinho.
O técnico de laboratório da Ufopa Edvaldo Júnior de Sousa explicou que as amostras coletadas serão enviadas a laboratórios da Ufopa, assim como a instituições em São Paulo e Recife. "Serão feitas análises de qualidade da água, agrotóxicos, pesticidas, metais pesados e estudos ecotoxicológicos", disse.
Reinaldo Peleja, do ICTA/Ufopa, destacou que a equipe também realizou coletas de sedimentos para analisar a presença de metais pesados e outras substâncias. "Estamos fazendo um estudo para diagnosticar a qualidade da água e monitorar o problema da mortandade massiva de peixes ocorrida em novembro do ano passado", afirmou. Ele também explicou que amostras serão submetidas a ensaios ecotoxicológicos com organismos indicadores de toxicidade.
A comunidade do Igarapé do Costa está situada na margem esquerda do rio Amazonas, em uma região de várzea pesqueira. Os impactos da seca e a consequente mortandade de peixes trouxeram preocupação para os moradores, que aguardam os resultados das análises para nortear possíveis soluções para a conservação dos lagos manejados.
Fotos: Juscelino Filho/acervo Sapopema.
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