Especial parceiros: Colônia de pescadores Z-20 completa 98 anos
/Em quase um século a entidade liderou inúmeros movimentos em defesa dos pescadores artesanais da região do Baixo Amazonas. Fatos inusitados marcam a trajetória de lideranças comunitárias que defendem a categoria e a conservação dos recursos pesqueiros. Conheça detalhes na reportagem especial alusiva ao aniversário da entidade parceira da Sapopema
Era 14 de março de 1920 – uma data para ficar na memória e nos documentos que comprovam o início de uma jornada de luta pelos direitos da população ribeirinha. A colônia de pescadores Z-20, sediada em Santarém Oeste do Pará na Avenida Mendonça Furtado, 161 bairro Prainha, iniciou as atividades nesta data com foco na defesa dos direitos dos trabalhadores da pesca nas comunidades do município.
Atualmente a entidade estima que tenha de dez a doze mil associados. Para o diretor de relações públicas da Z20 - Jondra Pinto, alguns fatos marcam a trajetória de lutas da colônia, dentre eles a política do seguro defeso: “A Z-20 tem lutado em prol dos pescadores e muitos são os desafios. Mas o maior deles é o seguro defeso que é uma demanda grande e antiga. Em 1993 quando foi criado, enfrentamos uma luta muito grande. Só pra ter uma ideia o pescador tinha que passar um dia inteiro no INSS para conseguir e hoje é tudo resolvido por aqui” – explica.
A história de organização social e construção de instrumentos de gestão participativa é protagonizada por instituições como a Z-20 que representa um papel fundamental no fortalecimento das políticas púbicas que abranjam a pesca artesanal.
Para a professora da Ufopa e pesquisadora da Sapopema, Socorro Pena o momento é de comemorar porque “Próximo de completar 100 anos essa categoria que luta pelos direitos já passou por vários ciclos econômicos e grandes mudanças. Merece o nosso reconhecimento porque é uma das colônias que tem o maior nível de organização, maior numero de associados e atua na conservação dos recursos pesqueiros” – parabeniza.
PARCERIAS
A colônia se preocupa com a organização das comunidades, com políticas sociais e está presente em todas as dimensões da vida dos pescadores. Para se manter atuante na finalidade de atender a diferentes tipos de necessidades dos pescadores a entidade exibe grande capacidade de agregar parcerias a exemplo da ligação com a Sociedade Para Pesquisa e Proteção do Meio Ambiente (SAPOPEMA) e Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa).
Através dessas parcerias, a Z-20 tem mediado a elaboração de pesquisas e a devolução desses instrumentos para tabulação de dados que possam melhorar a vida dos associados.
Milagre de São Pedro
Padroeiro dos pescadores, o Santo representa um importante papel na vida dos moradores das regiões ribeirinhas que sobrevivem da pesca. Desde a implantação da colônia em Santarém, os devotos fazem homenagens ao protetor dos pescadores e ícone de humildade aos católicos.
Pescadores mais antigos da região afirmam que durante a luta para conquistar a colônia um milagre operado pelo Santo abriu literalmente as portas para a criação da entidade e marca a trajetória da colônia.
Abaixo detalhes da história na edição extra do Informativo Nacional “O Leme” de julho de 1982 que narra o episódio em detalhes. Disponível também em: http://www.cpvsp.org.br/upload/periodicos/pdf/PLEMEPE071982073.pdf
INFORMAÇÕES TÉCNICAS DA Z-20 **
A estrutura organizacional da referida entidade é constituída de uma diretoria executiva, composta por 4 representantes da direção executiva, os coordenadores dos 106 núcleos de base e o conselho fiscal.
De acordo com o Estatuto da entidade, os núcleos de base “congregam associados de uma única comunidade ou núcleos de associados de várias comunidades, sendo escolhidos (as) dois ou mais associados (as), pelos sócios do respectivo Núcleo de Base para concorrer ao cargo de coordenador” (ESTATUTO SOCIAL DA COLÔNIA DE PESCADORES Z-20 SANTARÉM, 2012, p.09).
Os 44 sócios que atuam ativamente na pesca artesanal, reúnem-se, mensalmente, para discutir as demandas e socializar as deliberações do conselho de pesca, além planejarem as ações a serem realizadas no lago do Maicá. Dos entrevistados, 80% declararam que são sócios da Colônia de Pescadores Z-20, através do referido núcleo de base, o que demonstra que entre a classe existe a necessidade de estarem vinculados as organizações comunitárias para fortalecer a categoria na luta e garantia de seus direitos.
Os demais pesquisados, correspondendo a 20% dos pescadores não estão vinculados a entidade, porém participam ativamente das atividades realizadas pelo núcleo de base a fim de manterem-se informados das ações e deliberações sobre o uso do recurso do lago. Segundo Martins (2009, p.48), “[...] a defesa do exercício da atividade da pesca e o acesso aos direitos trabalhistas e sociais dos pescadores variam em função da conformidade do nível de organização e mobilização política da entidade representativa da categoria”.
** extraído de “CARACTERIZAÇÃO ECONÔMICA E SOCIAL DOS PESCADORES ARTESANAIS NO BAIRRO PÉROLA DO MAICÁ, NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM-PARÁ” de WANDICLEIA LOPES