Oficinas para pescadores de pirarucu iniciam nesta quarta (29)
/Empreendedorismo, Manipulação de alimentos, Gestão financeira, Produção sustentável e Geração de negócios são temas das oficinas promovidas pelo Sebrae e Sapopema. Cursos integram proposta do 'Selo Verde' para melhorar a rentabilidade do manejo do pirarucu na várzea de Santarém. Moradores das comunidades Santa Maria, Tapará Miri e Pixuna participam da rodada de oficinas a partir do dia 28 até 31 de agosto.
O projeto da cadeia produtiva do pirarucu manejado tem a intenção de despertar o espírito empreendedor dos moradores das comunidades para a prática sustentável e rentável do manejo do pirarucu na região. A responsabilidade do Sebrae em Santarém é capacitar os pescadores para o fornecimento do peixe de grande valor comercial para pessoas jurídicas com finalidade de melhorar a prática comercial dos moradores. A capacitação vai poder fornecer novos conhecimentos aos ribeirinhos com noções de mercado, comercialização, precificação e conhecimento de custo. “A sustentabilidade é um diferencial e precisamos transformar essa sustentabilidade em estratégia. Não deixar que eles comparem o produto deles com outro produto de menor valor” – destaca o gerente regional do Sebrae em Santarém - Michel Martins.
Os moradores das comunidades beneficiadas pelo projeto já desenvolvem o manejo comunitário. Um trabalho voluntário de organização comunitária em prol da defesa dos recursos naturais. Porém o resultado do esforço coletivo é mínimo comparado a pesca e comercialização de quem ignora as leis da que prevem normas e diretrizes para a atividade em determinadas regiões.
Um monitoramento feito por pesquisadores da Sapopema revelou que os pescadores de Santa Maria capturaram 44 pirarucus em 2017 com arpão e espinhel. O peixe de agregado valor comercial, foi comercializado em média a R$ 12,77 o quilo. Para o pescador da comunidade, Amarildo Sousa – conhecido como Branco: “Não compensa o trabalho que a gente tem” – diz sobre o grande esforço comunitário para manejar a espécie que é vendida ao consumidor final ao preço de R$ 25,00 e R$ 30,00 o quilo da manta.
O pirarucu de cativeiro e um pirarucu manejado tem grandes diferenças explicadas pelo biólogo da Sapopema - Fábio Sarmento: “O peixe de cativeiro não tem a mesma dinâmica. Ele não se locomove da mesma forma que o peixe no lago e a alimentação é diferenciada. Tanto que o de cativeiro tem o preço mais baixo, já que o peixe de manejo é mais saboroso”.
Programação das oficinas em Santa Maria do Tapará
29/08: Oficinas de Empreendedorismo e Gestão Financeira, ministradas por Socorro Gonçalves e José Luiz Alves.
Dia 30 e 31/08, oficina de manipulação de Alimentos, ministrada por Adriana Dalbert.
Festival do Pirarucu
Em Santa Maria do Tapará o festival tradicional é uma forma de comemorar o esforço coletivo, atrair visitantes à comunidade e comercializar o pirarucu manejado através de pratos degustados no evento.
Há doze anos a comunidade promove o Festival que será dividido em dois dias: no sábado com a noite cultural e domingo no barracão da comunidade, às margens do Rio Amazonas.
No cardápio, são oferecidas iguarias da região a partir do peixe apreciado. Pratos como ventrecha, mojica, desfiado, pirarucu frito e churrasco de pirarucu estarão a venda.
Outra atração do festival é o desfile da Rainha do Pirarucu. Todos os anos a jovem representante repassa a faixa à nova escolhida para usar a roupa confeccionada pelos moradores a partir da escama do peixe. Para o vestido do ano passado, foram usadas 501 escamas. O sapato usado pela jovem também foi customizado com as escamas. No total, 131 unidades revestiram o calçado.
Outra proposta do projeto Selo Verde é promover o aproveitamento das escamas do pirarucu para a fabricação do artesanato para a comercialização.