Sem coleta seletiva, ribeirinhos se reúnem para dar destino a lixo acumulado em Urucurituba
/Eles aguardaram por dois anos para ter o lixo recolhido da comunidade. Sem a continuidade do serviço que deveria ser prestado pelo poder público, conseguiram firmar parcerias para que o entulho depositado em uma casa criada para a finalidade, fosse levado da região de várzea
Toneladas estavam guardadas em sacos na esperança de que o material fosse retirado da comunidade Urucurituba, região do Rio Amazonas, em Santarém Oeste do Pará. A ação é uma iniciativa da Conselho Regional de Pesca da Região do Urucurituba em parceria com a SEMAP, Colônia de Pescadores- 20 e Sapopema.
A falta de recolhimento do lixo doméstico tem prejudicado os moradores da várzea em Santarém desde 2016. Os comunitários afirmam que após a transição de governo, o serviço foi suspenso sem previsão de retorno. A coleta foi uma iniciativa à parte da ação governamental, embora tenha contato com a parceria da Semap com a doação do combustível e recolhimento do material pela Seminfra na área urbana.
A região de Urucurituba localizada à margem direita do rio Amazonas fica a cerca de duas horas de barco da cidade. Moram aproximadamente 2.000 habitantes nas sete comunidades: Campus do Urucurituba, Arapemã, Piracãoera de Cima, Piracãoera de Baixo, Igarapé do Costa, São Ciríaco e Fátima.
Todas as comunidades, segundo o coordenador do conselho comunitário da região, Manoel Pinheiro, sofrem com a ausência da coleta seletiva. Sem alternativa, com a produção de lixo doméstico, eles passaram a depositar o material reciclável em uma casa feita por eles para o depósito.
O local fica na comunidade tal e recebe garrafas plásticas, de vidro e embalagens. Parte desse material vira utensílio domestico nas mãos das mulheres da comunidade que viraram artesãs para aproveitar o que iria para o lixo.
O que não é aproveitado na produção de artesanato permanece a espera de recolhimento, já que os moradores ainda nutrem a esperança de que o serviço volte a ser feito, uma vez que o lixo domestico que não pode ter o mesmo destino, é enterrado ou queimado.
Pinheiro diz que a comunidade se sente abandonada, mas garante que o deposito vai continuar: “Piracãoera de Baixo já tem uma casa que foi feita especificamente pra armazenar esse lixo. E outras comunidades geralmente fazem um giral... até a gente conseguir continuar esse transporte para um lugar especifico” – conclui.