Sapopema integra conselho consultivo do Projeto mulheres empreendedoras da floresta

Agricultoras e agroextrativistas do Oeste do Pará se firmaram como referência na produção de alimentos orgânicos na região. Um projeto lançado pelo Saúde e Alegria e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares e financiado pela União Europeia, busca fortalecer a atividade, promovendo capacitações e infraestrutura até 2025 

Apesar da região Oeste do Estado do Pará ainda possuir grande área de floresta preservada, há uma enorme pressão e aumento nos índices de desmatamento na região devido a pecuária extensiva, agronegócio, garimpo e extração ilegal de madeira. Essa economia exploratória e ilegal não tem melhorado as condições de vida dos povos que vivem na e da floresta. O projeto Mulheres Empreendedoras da Floresta visa fortalecer uma economia sustentável de base comunitária, com negócios que valorizem a Floresta em Pé.

Para isso, é necessário aumentar a capacidade empreendedora das organizações de base comunitária, que em geral apresentam carências no planejamento, na gestão, administração, comunicação e tomadas de decisão sobre seus negócios. “É o que nós precisamos na Amazônia: que os negócios mantenham a floresta em pé e tenham sucesso” – explica a coordenadora de monitoramento do projeto, Olívia Beatriz.

Com a perspectiva de fortalecer as organizações produtivas e promover a viabilidade econômica da floresta em pé, através da capacitação e empoderamento de mulheres e jovens na gestão de negócios da sociobiodiversidade, o projeto realizou sua primeira apresentação aos parceiros nesta segunda-feira (14), quando foi formado o conselho consultivo do projeto. “É preciso que cada vez mais a gente valorize a Amazônia dentro dessa discussão da bioeconomia. Nós temos um grande potencial e o que precisamos é fortalecer para divulgar e organizar as iniciativas para trabalhar a alimentação saudável e valorizando os produtos da floresta para gerar renda, autoestima e desenvolvimento local” - comentou a presidente do STTR-Stm, Ivete Bastos. 

O projeto implementará ações como o curso de aprimoramento na gestão e governança de cooperativas e associações, através de um curso aprofundado de dois anos. Será formado por um conselho executivo composto por representantes das instituições proponentes e conselho consultivo formado por representantes das cooperativas e associações beneficiárias, entidades públicas e privadas envolvidas no projeto, como a Sapopema. “Ele oportuniza o protagonismo.de mulheres extrativista, indígenas, pescadoras, agricultoras, quilombolas e ribeirinhas. Existem muitas mulheres que desenvolvem atividades que contribuem para o desenvolvimento sustentável da região amazônica e é importante uma iniciativa que fortaleça a atuação das mulheres que vivem dos recursos naturais da floresta” – ressaltou a coordenadora da Sapopema, Wandicleia Lopes.

A iniciativa vai estruturar um programa de capacitação e suporte permanente para utilização de ferramentas digitais, com readequação de dois telecentros comunitários e disponibilizar e acesso à internet para os seis empreendimentos, visando a gestão de organizações e negócios comunitários, esclarece Beatriz: “A gente tem como público as cooperativas e associações da região Oeste do Pará para fortalecer os negócios comunitários, dando visibilidade e atuando na gestão/administração desses negócios, com cursos de gestão de finanças, cooperativismo, chamada pública para financiar esses empreendimentos, conectividade, conexão, tecnologias digitais”.

Será lançada uma chamada pública para apoiar pelo menos seis empreendimentos coletivos nos territórios de abrangência do projeto, que receberão recursos para apoiar suas atividades com valores entre 20 e 70 mil. As organizações deverão ser associações ou cooperativas legalmente constituídas há pelo menos 2 anos, em dia com suas obrigações legais, que tenham em suas finalidades o apoio a atividades econômicas sustentáveis relacionadas a sociobiodiversidades e a agricultura familiar.

O recurso poderá ser utilizado para compra de equipamentos para mecanização da produção, transporte, processamento, embalagem, conservação da produção e para geração de energia para o seu funcionamento; custos de transporte e instalação dos mesmos;, compra de embalagens, rótulos/etiquetas e outros insumos para os produtos; contratação de serviços para capacitação para o uso e a gestão dos equipamentos adquiridos; custos logísticos para realização das capacitações.

“É uma oportunidade grande de continuar potencializando o nosso trabalho de empoderamento feminino, da mulher na renda familiar dentro da floresta. Hoje a Turiate representa doze comunidades, sendo uma aldeia. É muito gratificante estar inserido no conselho que visa fortalecer essa atividade” - avalia Ingrid Godinho, presidente da Turiarte.