V Feira do Pirarucu de Manejo do Pará será realizada em 9 de novembro em Santarém
/Manejadores de Costa do Tapará, Santa Maria, Igarapé da Praia e Tapará Miri promoverão a quinta edição da Feira do Pirarucu de manejo do Pará. Este ano, o evento ganha ainda mais relevância ao estrear o título de patrimônio histórico, cultural e imaterial de Santarém
Com a participação de quatro comunidades manejadoras do pirarucu do PAE Tapará, a Feira será realizada em 09 de novembro na Praça São Sebastião. O evento que se tornou estratégico para valorização das comunidades que cuidam da espécie na região é uma promoção do Conselho Regional Tapará, Sapopema, Colônia de Pescadores Z-20, Mopebam, Sedap, Semap, Sebrae com apoio da TNC.
Durante o evento, os consumidores terão a chance de dialogar diretamente com os manejadores e entender os procedimentos do manejo do pirarucu. A participação ativa das comunidades é um dos pilares da feira, colocando os pescadores locais como protagonistas desse processo. "Eventos como este são fundamentais para mostrar ao mundo a importância do manejo sustentável e o papel crucial das comunidades locais na proteção dos nossos recursos naturais", destaca Antônio José, da coordenação da Sapopema.
A feira não só promove a conservação da biodiversidade, mas também reforça a importância do manejo comunitário, valorizando o conhecimento e o esforço dos pescadores que se dedicam à proteção do pirarucu. É uma celebração da sustentabilidade e da capacidade das comunidades de se organizarem em prol de um futuro mais equilibrado e consciente.
Seca de 2024 e os impactos para a conservação
A seca de 2024 tem trazido desafios significativos para a conservação ambiental, especialmente no manejo do pirarucu. Em 8 de outubro, os manejadores da comunidade Santa Maria do Tapará, juntamente com a Sapopema, realizaram a contagem anual de pirarucus. Este processo é essencial para estimar a cota anual de captura, mas a severa estiagem deste ano tem dificultado consideravelmente essa tarefa.
Considerada uma das secas mais graves dos últimos anos, a falta de chuva tem afetado a vida das comunidades ribeirinhas e impactado diretamente a fauna aquática. Durante a contagem, os manejadores enfrentaram grandes dificuldades para chegar ao lago, que se encontra mais distante devido à seca. "Este ano, a situação da seca se agravou muito. A contagem, que é um procedimento importante do manejo, demandou muito esforço dos pescadores por conta da seca", relatou Luan Robson, técnico da Sapopema.
A contagem de pirarucus é uma ferramenta fundamental para avaliar as condições ambientais e adaptar as estratégias de manejo. Todos os anos, durante o período de águas baixas, os pescadores realizam essa contagem para avaliar os estoques pesqueiros. Com base nos resultados, calcula-se a cota de captura de 30% dos pirarucus adultos, preservando os 70% restantes para assegurar a reprodução e a manutenção sustentável do estoque.
Os dados coletados servem não apenas para a conservação das espécies, mas também para indicar avanços na preservação e para desenvolver estratégias que promovam a renda dos pescadores. Essa prática reforça a importância do manejo comunitário e o papel das comunidades na proteção dos recursos naturais.
A seca de 2024 é um lembrete da necessidade de práticas de conservação ainda mais robustas e da importância da adaptação das estratégias de manejo para enfrentar os desafios climáticos.
O que é o Manejo Comunitário?
O manejo comunitário do pirarucu é uma prática sustentável que envolve a comunidade na conservação e gestão dos recursos pesqueiros. Utilizando o método de Castello (2004), os pescadores demonstram sua habilidade ao contar os pirarucus durante sua respiração aérea, quando os peixes vêm à superfície da água. Segundo a bióloga da Sapopema, Poliane Batista, cada pescador observa e conta os pirarucus em uma área específica durante um intervalo de 20 minutos. Somente os pirarucus com mais de 1 metro são contabilizados, sendo classificados em duas categorias: juvenis (bodecos) (1-1,5 m) e adultos (>1,5 m). Para garantir a precisão das contagens e não alterar o comportamento dos peixes, os pescadores trabalham em silêncio.
Além de seguir as regras de tamanho mínimo de captura (1,5 m) e período de defeso (IN 34/2004) estabelecidas pelo IBAMA, as comunidades que desenvolvem o manejo criam seus próprios acordos de pesca. Esses acordos estabelecem normas que restringem ainda mais o uso dos recursos pesqueiros e incluem a vigilância constante dos ambientes aquáticos para proteger contra a ação de invasores.
O manejo sustentável nas comunidades envolve várias etapas: organização comunitária, respeito à legislação, estabelecimento de acordos de pesca, vigilância dos lagos, contagem dos pirarucus, pesca sustentável e comercialização da produção. Esse esforço contínuo exige uma dedicação enorme dos pescadores, que muitas vezes não recebem o reconhecimento devido pelo seu trabalho essencial na preservação dos recursos naturais.
Este modelo de manejo comunitário não apenas protege a biodiversidade, mas também assegura a subsistência das comunidades ribeirinhas, promovendo um ciclo sustentável e benéfico para todos.
Serviço
O quê? V Feira do Pirarucu de Manejo do Pará
Quando? 09 de novembro a partir das 7h
Onde? Praça Barão de Santarém