Soltura de quelônios é realizada em Correio do Tapará
/Tradicional soltura de filhotes de tracajás na comunidade de várzea foi realizada sem convidados externos. Devido pandemia, moradores fizeram procedimento de forma rápida;
Em 2020 os desafios foram maiores para manejar os quelônios na comunidade Correio do Tapará. Além do esforço de retirada dos ovos da praia natural para o berçário artificial na tentativa de evitar furtos, os coletores foram surpreendidos com um deslizamento de terra que matou mais de duzentos filhotes.
Por isso, este ano o número de quelônios soltos foi menor. Sem comemoração externa como é feita anualmente, os moradores se reuniram para soltar os mais de setecentos nesta segunda-feira (18) no Lago Curiquara num evento rápido e necessário, pois manter os quelônios no tanque ofereceria risco aos animais.
"Esse ano devido a pandemia não pudemos fazer uma soltura mais dinâmica como nos anos anteriores. Reunimos algumas lideranças, crianças, professores pra representar. Setecentos e dez foram devolvidos a natureza" - disse o coordenador do projeto Quelônio nas Águas, João Mário.
Há oito anos os moradores se reuniram para conservar a espécie. O trabalho começa sempre no mês de setembro, quando os ovos são depositados pelos tracajás em uma praia natural. Nessa fase os monitores (coletores) fazem a retirada dos ninhos com procedimento especifico de retirada da areia e conduzem para uma praia artificial, onde são vigiados dos predadores humanos e naturais. “Eles tem o trabalho de ir a praia todas as noites, coletar os ninhos no mês de setembro a outubro que é o período da desova. Com todo cuidado eles trazem os ovos para a praia onde se reproduzem. Após 45 dias começa o nascimento de primeiro de novembro até o final. Dai é o processo de colocar no berçário, alimentação, troca de água de três em três dias e cuidar porque eles brigam no próprio berçário” – explicou João Mário.
A iniciativa de conservação ambiental conta com o apoio de entidades parceiras como a Sapopema: “aqui especificamente em Correio do Tapará nos últimos quatro anos nós temos apoiado essa iniciativa de conservação dos quelônios que é uma importante iniciativa que serve de modelo para que outras comunidades da região possam seguir o mesmo exemplo de conservação” – explicou o coordenador da entidade, Antônio José Bentes.
Não fosse o trabalho dos vigilantes locais, esses tracajás estariam em perigo de extinção, contou a bióloga e professora da Ufopa Priscila Miorando: “Esse ano foi bem atípico porque além da covid-19 eles tiveram um acidente próximo ao berçário, o que aumentou o esforço que eles tiveram que ter pra garantir a sobrevivência e manutenção desses filhotes até a soltura. Para o próximo ano a Sapopema está se colocando a disposição para realizar uma nova capacitação para que os trabalhos tenham uma melhoria na qualidade de coleta de dados e nos próprios resultados para os próximos anos".
"Agrademos o apoio de modo especial à Sapopema, Colônia de Pescadores Z-20 e a comunidade" - acrescentou João Mário.