Pesquisadores realizam coletas de variáveis ambientais locais e de algas em lagos da comunidade de Costa do Tapará
/Preocupação com a situação dos lagos levantada durante reunião do Conselho Regional de Pesca do PAE Tapará mobilizou a Sapopema e Ufopa para avaliar a situação dos ambientes aquáticos
Com a redução intensa e histórica dos níveis nos rios da região Oeste do Pará, lagos também foram impactados. Segundo medição da Defesa Civil de 09 de novembro, o nível está em 12cm - 68 cm abaixo de 2010. Na região do PAE Tapará, a preocupação de pescadores e pescadoras é maior devido à seca de lagos manejados. As alterações dos padrões do pulso de inundação (cheia, seca, vazante e enchente), motivaram a busca por apoio técnico-científico para analisar a situação dessas áreas conservadas.
No período de 06 a 08 de novembro, pesquisadores do Instituto de Ciências e Tecnologias das Águas (ICTA) da Ufopa e da Sapopema coletaram variáveis ambientais locais e amostras de água para avaliar mais de 30 parâmetros físicos-químicos-biológicos da água de lagos da comunidade de Costa do Tapará. A realização este trabalho visa possibilitar ações estratégicas para minimizar as consequências de seca anômala, ressaltou a bióloga da Sapopema, Poliane Batista.
“A intensidade da seca esse ano tem impactado a dinâmica da pesca local. A gente está registrando essas consequências da seca histórica na região e a comunidade tem relatado essa dificuldade de acessar os recursos pesqueiros em alguns momentos. A gente tem monitorado a situação de alguns ambientes aquáticos, em especial através do trabalho desenvolvido em parceria com a Ufopa e o Conselho Regional de Pesca do Tapará, a gente tem analisado variáveis ambientais para avaliar como estão essas condições locais dos lagos”, ressalta.
Realizada pelos professores Reinaldo Peleja e Andreia Cavalcante e a técnica Flávia Cristina, as amostras serão analisadas nos laboratórios do ICTA, “para contribuir com o estudo de qualidade ambiental e da água dos lagos referente a essa situação de seca severa para verificar até que ponto essa qualidade da água poderia estar comprometendo o manejo da pesca e dos estoques de pirarucus”, destacou Peleja.
A partir do processamento e análise dos parâmetros físico-químicos-biológicos, será possível fornecer recomendação que possam contribuir no processo de gestão dos ambientes aquáticos avaliados. “O objetivo é que a gente saia com o índice de qualidade das águas de oito lagos da região”, acrescenta Peleja.
Seca no baixo Amazonas
Com o esvaziamento dos lagos, tem acontecido o superaquecimento do pouco de água que resta. Isso expõe risco aos peixes que são fonte de renda e alimentação dos pescadores. Em 07/10, as comunidades do PAE Tapará Pixuna: Tapará Miri, Santa Maria, Tapará Grande, Santana do Tapará, Boa Vista do Tapará, Barreira do Tapará, Correio do Tapará, Costa do Tapará, Igarapé da Praia e Saracura se reuniram para buscar soluções para os problemas decorrentes da seca. Um dos encaminhamentos foi a solicitação de um estudo para avaliar a situação dos lagos. “A gente está pedindo uma vistoria da Semma pra fazer porque a gente está suspeitando que vai secar. Nós podemos antecipar porque o peixe vai entrar no período do defeso”, afirmou Macambira.
A Sapopema emitiu uma nota técnica em que identifica o panorama da seca no baixo Amazonas. Os dados representam informações de 74 comunidades, que totalizam aproximadamente 6.250 famílias. Dentre as comunidades mapeadas, 97,3% já foram afetadas pela seca.
Os pescadores relataram que a seca tem ocasionado diversas dificuldades múltiplas para a sobrevivência das famílias. 43 comunidades apontaram que estão enfrentando 04 ou mais dificuldades nesse cenário de seca. Dentre as dificuldades mais citadas como decorrentes da seca, a dificuldade para pescar (22,2%) é mais citada entre os entrevistados, seguida pela dificuldade de alimentação de suas famílias (20,5%). Como as comunidades pesqueiras têm sua alimentação baseada no pescado, a dificuldade para realização de suas pescarias geram dificuldades para obtenção da alimentação.